O sono dos recém-nascidos promove crescimento e aprendizado
Quando não estão mamando, eles estão dormindo. Na realidade, os bebês passam mais tempo dormindo do que mamando. Segundo a pediatra Lucila Bizari Fernandes do Prado, da Sociedade Brasileira de Pediatria, os recéns-nascidos dormem em média 20 horas por dia. O fato de o sono ser entrecortado com curtos períodos de vigília se dá para que haja tempo para a alimentação, o conhecimento (ou aprendizagem) e a higiene. Afinal, sobram 4 horas do dia para isso tudo. A médica explica, no entanto, que não há nenhum prejuízo na qualidade do sono com a interrupção para a amamentação, pelo contrário além de nutrir, esse momento traz uma aprendizagem importante para a criança no sentido de proteção, carinho, afeto, conhecimento, cujos limites se ampliam com o crescimento.
– O sono do recém-nascido obedece um padrão: ativo (45%), calmo (45%) e, conforme o desenvolvimento do Sistema Nervoso com o crescimento, vai se diferenciando em sono REM (25%) e sono não-REM (75%). A importância disso é a organização dos estados de consciência cuja função é promover o crescimento e renovação celular, assim como aprendizagem e memória.
Com o crescimento, as crianças vão limitando seu sono para a noite em torno de 10 a 12 horas, com 2 períodos de sono diurnos (um de manhã e outro à tarde) até o segundo ano de vida. A partir de então, o sono se restringe mais ao período da noite, em torno de 8 a 10 horas, e um sono no período da tarde é mantido até os 4 ou 5 anos de idade.
– Após este período, o sono já se parece com o padrão dos adultos que é de 8 horas em média, sem sono diurno. Durante a adolescência, há necessidade de mais horas de sono em vista de alterações hormonais e estirão de crescimento, chegando até 12 ou mais horas de sono e com alteração do padrão do horário de sono, isto é, dorme-se mais tarde e acorda-se mais tarde.
Segundo a pediatra, quaisquer alterações do padrão de sono tanto da criança como do adolescente, tanto na qualidade como na quantidade, implicará em restrição de sono e sonolência excessiva diurna, o que acarretará sérias alterações de comportamento e problemas de aprendizagem e memória.
– A falta de sono (restrição de sono ou sono insuficiente) é relacionada com o número de horas dormidas que geneticamente é determinada e que nossa sociedade atual impõe. Doenças clínicas como resfriados, asma, diarreia, por exemplo, podem restringir os horários de sono. Doenças intrínsecas ao sono também influenciam o sono como narcolepsia, sonolência excessiva diurna, insônia, apneia do sono, má higiene do sono (que está relacionada com os conceitos errados de sono, falta de limites, alimentação noturna, horários inadequados de dormir e acordar, TV, internet, dentre outros).
Os pais podem identificar os problemas de sono na criança observando a higiene do sono, a presença de roncos, de sonolência excessiva, de dificuldade em aprender, ao perceber padrões diferentes dos familiares. Nesse caso, devem procurar um especialista em sono para garantir o diagnóstico correto e a orientação adequada.