Odontopediatra explica problemas causados por uso prolongado de chupeta
Já não é mais um bebezinho, mas não larga a chupeta? Algumas crianças demoram mais a abandonar o hábito e alguns pais sabem que não é lá muito fácil convencê-las. Mas se seu filho já passou dos 2 anos, é hora de colocar toda a psicologia em prática para isso. O uso prolongado de chupeta costuma causar problemas à saúde bucal.
– O ideal seria não oferecer a chupeta para o bebê porque, se fizermos uma ligeira observação, todas as vezes que a oferecemos a chupeta, o bebezinho rejeita, e só acaba criando o hábito porque persistimos. Uma vez oferecida, e a criança adquirindo o hábito de sucção da chupeta, o ideal é que se remova por volta dos 2 anos e meio, 3 anos de idade. Até essa fase, a gente consegue, fisiologicamente, reverter alguns tipos de maloclusão, que são alterações na arcada dentária – explica a odontopediatra Luciana Alves Herdy da Silva.
Uso prolongado de chupeta é prejudicial à saúde bucal
Segundo a dentista, o uso de chupeta por muitos anos pode afetar a saúde de várias maneiras:
– O uso prolongado da chupeta pode causar vários tipos de maloclusão. O principal deles é a mordida aberta anterior, a boquinha acaba ficando no formato do bico da chupeta, feito uma boquinha de peixe; o dente de cima não consegue tocar o dente de baixo. Pode causar também respiração bucal, quando o paciente começa a respirar pela boca. E, não fazendo vedamento labial, pode haver até uma ligeira inflamação no tecido gengival pela presença do oxigênio direto sobre a mucosa. O uso prolongado de chupeta pode ocasionar também o que a gente chama de mordida cruzada, e outras alterações não só da arcada dentária, mas também do próprio tecido que reveste a cavidade bucal, que são os lábios. Pode haver acúmulo de saliva no momento da sucção, o que favorece a proliferação de fungos onde a saliva fica em contato com o bico da chupeta.
É fato que o material e o formato das chupetas mudaram com o tempo. E isso se deve à preocupação da área médica. Ainda assim, será melhor evitar ou não deixar usar por muito tempo.
– Não se pode deixar de observar que a odontologia e a fonoaudiologia têm colaborado junto às empresas para que a gente tenha materiais e tipo de chupeta que acompanhe o crescimento da criança, conforme a idade. Hoje em dia já se tem materiais que não utilizam a borda mais endurecida da chupeta . Elas são mais flexíveis, mais higiênicas. Isso é um outro ponto que a gente tem que levar em consideração também – avalia Luciana.
Outro cuidado muito importante é a correta e frequente higienização da chupeta.
– Tanto os bicos de chupeta quanto os de mamadeira precisam ser desinfetados e bem limpos para sua utilização. Devem ser lavados com água e sabão e depois fervidos com água – explica Luciana.
Chupeta e saúde bucal: Mamães devem receber orientações antes mesmo do bebê nascer
O acompanhamento odontopediátrico ajuda muito a tirar dúvidas sobre chupeta. A primeira consulta a um especialista, aliás, pode ser até mesmo antes do nascimento do bebê.
– O ideal seria que na fase pré-natal a mãe pudesse procurar um odontopediatra e receber orientação quanto à amamentação, limpeza da cavidade bucal, e sobre a introdução destes hábitos, que chamamos de não nutritivos, que são a sucção da chupeta e uso da mamadeira. Depois do nascimento, pode fazer uma consulta antes da erupção do primeiro dentinho, por volta dos 6 meses, para orientação mesmo; e, depois, periodicamente, de acordo com a indicação do cirurgião dentista – orienta Luciana.
A higiene bucal também deve fazer parte da rotina diária do cuidado com o bebê. Além de promover a limpeza, ajuda a criar um hábito ssaudável.
– A gente preconiza que a mãe higienize a boquinha na hora do banho, pelo menos uma vez ao dia. É só umedecer uma gaze, um paninho de boca ou fraldinha separada para este fim, e passar por sobre a boquinha do bebê, em cima da linguinha e no rebordo, onde o dente vai nascer depois – explica a odontopediatra.
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