Como uma mudança simples pode modificar a rotina das crianças de seis anos
Desde 2006 uma lei federal provocou mudanças significativas no cenário educacional brasileiro. A lei 11.274 alterou a duração do ensino fundamental para nove anos. Dessa forma, o último ano da educação infantil transforma-se no primeiro ano do ensino fundamental. Agora os alunos devem ser matriculados no ano em que completarem seis anos de idade e não mais sete, como anteriormente e, assim, as crianças ingressam mais cedo na chamada “escolarização”.
Os objetivos da ampliação do ensino fundamental para nove anos de duração são: melhorar as condições de equidade e de qualidade da Educação Básica; estruturar um novo ensino fundamental para que as crianças prossigam nos estudos, alcançando maior nível de escolaridade e assegurar que, ingressando mais cedo no sistema de ensino, as crianças tenham um tempo mais longo para as aprendizagens da alfabetização e do letramento.
O prazo final para que todos os sistemas de ensino implantassem essa mudança foi o ano letivo de 2010, portanto essa é uma discussão recente, e por isso mesmo merece nossa reflexão.
A princípio esta pode parecer uma mudança simples, mas se levarmos em consideração as diferenças entre os dois segmentos vamos perceber o quanto essa lei modificou a rotina das crianças de seis anos.
A educação infantil e o ensino fundamental são etapas completamente diferentes, com objetivos específicos e rotinas próprias. A educação infantil favorece interações mais plurais, com maior espaço tanto para a questão lúdica quanto para o diálogo. Já no ensino fundamental, a estrutura organizacional privilegia práticas individuais e baseia-se na transmissão dos conteúdos.
Essa transição, como qualquer outra, requer atenção e cuidado por parte de pais e educadores. Se a escola em que seu filho estuda oferece os dois segmentos (educação infantil e ensino fundamental) talvez essa transição possa acontecer de forma mais tranquila. Algumas escolas promovem “visitas” entre as turmas com o objetivo de facilitar a passagem de uma etapa de ensino para a outra. Dessa forma, a turma anterior tem a possibilidade de conhecer a nova sala, a nova professora, observar e experimentar o mobiliário da nova sala e ainda explorar o ambiente. Mas se seu filho vai mudar de escola, é necessário dar atenção redobrada a essa transição. Além das questões específicas que envolvem o novo segmento a criança precisará se adaptar aos novos amigos, nova professora e a um novo ambiente.
Todas essas mudanças podem causar nas crianças euforia e certo estranhamento. A forma de acolhimento da instituição, em especial da professora, e o acompanhamento dos pais são fundamentais para que essa transição ocorra sem traumas.