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Vamos falar de violência na educação?

Você sabia que 4 de junho é o Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão? A data foi instituída pela ONU, em 1982, e vem chamar a atenção para milhões de crianças que sofrem todo tipo de violência física e emocional no mundo. Trata-se, é claro, de um problema gravíssimo e que precisa do envolvimento de todas as sociedades para combatê-lo. Mas a violência contra a criança não está só nas guerras, nos maus-tratos e abandono, nas ações criminosas etc. Pode estar camuflado na forma de educar, praticado sem intenção em muitas famílias. A violência física, psicológica e verbal pode ser reproduzida por pais ou cuidadores sem que estes percebam.

– A violência contra crianças e adolescentes, mesmo que disfarçada de disciplina, como uma palmada, pode causar sérias consequências psicológicas. Entre elas estão o estresse, que prejudica o aprendizado e a memória e aumenta o risco de doenças crônicas, além de mudanças de comportamento – afirma Ieda Maria Gonzaga, assistente social da UBS Jardim Coimbra, gerenciada pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Segundo a assistente social, agressividade, ansiedade, baixa autoestima, sentimentos de medo, insegurança, culpa, distúrbios do sono e problemas de adaptação escolar são alguns problemas que as crianças educadas com violência podem desenvolver. A punição corporal também torna a criança ou o adolescente mais suscetível à rebeldia, vingança, bullying e à prática de delitos.

Gritar também não ajuda a educar

E a violência não é algo apenas físico. Gritar com a criança também é prejudicial, avalia Ieda Maria:

– O aspecto mais importante de educar uma criança sem recorrer à violência é fomentar sua autoestima e confiança. Menos gritos se traduzem em maior segurança emocional. A educação sem violência verbal favorece o desenvolvimento de habilidades emocionais, empatia, comunicação e cooperação. É importante incentivar a comunicação baseada no diálogo e trabalhar a ideia de causa e efeito, explicando as consequências dos comportamentos inadequados. Independentemente da idade da criança ou do cenário em que se encontra, é crucial considerar que o sentimento que gerou o mau comportamento deve ser respeitado, investigado e discutido com ela.

Como não existe receita infalível nem livro de regras de ouro que garantam o sucesso total da educação, cabe às famílias buscarem as melhores formas para cuidar das crianças. Uma delas é procurar informações e, quando necessário, ajuda de profissionais. Não se trata de ouvir meros conselhos, mas de um esforço para identificar o que pode ser mudado em prol das crianças. Segundo a assistente social, “brigas, castigos ou até palmadas podem cessar o comportamento momentâneo, mas não resolvem o problema a longo prazo. Buscar entender é muito mais assertivo”.

Elogiar os filhos, focar em aspectos positivos, escutá-los genuinamente, cumprir promessas, ser mais participativo, tudo isso contribui para criação e fortalecimento de vínculos e faz parte da educação não-violenta.

Foto em destaque: Crédito Envato/Divulgação Cejam

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