Cuidados simples na hora de visitar um recém-nascido
A chegada de um bebezinho traz muita alegria e a vontade enorme de conhecer o neném. Mas o que pode e o que deve ser evitado, da parte da visita, para não incomodar a mamãe e, principalmente, não trazer nenhum risco para o recém-nascido. Não é preciso livro de etiquetas para isso, mas bom senso é fundamental. Por maior que seja a vontade de ver o bebê, é preciso levar em conta que ele tem apenas poucos dias de vida e ainda vai ser imunizado com vacinas. Além disso, deve-se levar em consideração que o pós-parto não é o mesmo para todas as mulheres e algumas podem mesmo se sentirem mais cansadas do que outras.
Não existe um momento certo para visitar o bebê. Segundo a neonatologista pediatra da Perinatal Amanda Martins, o ideal é combinar previamente com os pais. “Não existe regra nesse caso. O ideal é perguntar para o pai e para a mãe. Alguns preferem receber visitas ainda no hospital, pela praticidade do suporte com os cuidados com o bebê, por não se preocupar com a organização da casa, nem com o que servir. Outros acham os primeiros dias muito cedo, sendo esse momento íntimo reservado apenas para a família. Então a dica é não ficar chateado se o pai ou a mãe pedirem que você espere mais algum tempo”, diz.
Pensar na saúde do bebê é uma questão que deve ser sempre considerada. Apesar da proteção adquirida com o leite materno, nos primeiros meses o bebê ainda está muito suscetível à ação de vírus e bactérias. E sabe aquela vontade de “apertar” e “morder” um neném? Nas visitas, não se deve nem dar um simples beijinho no bebê. Amanda Martins explica que o beijo pode transmitir uma série de infecções virais, entre elas, a gripe e até infecção pelo vírus da herpes. Pegar nas mãozinhas do neném também não é legal. Bebês costumam levar as mãos à boca e assim “transportar” as sujeiras das mãos dos adultos.
Veja o que mais é recomendável ou não:
Quem Coruja – Muitas pessoas querem segurar o recém-nascido no colo quando fazem a visita. Que cuidados elas devem ter? Alguns pais ficam incomodados com isso. Há, de fato, problema?
Amanda Martins – O ideal é que o bebê não fique passando de colo em colo e que permaneça em um cômodo diferente das visitas (onde as mesmas entrem apenas para conhecer a criança). Esse comportamento, além de causar estresse ao recém-nascido, pode aumentar o número de infecções a que o mesmo é exposto. Porém, se ainda assim for inevitável, deve-se fazer algumas exigências. A mais importante é que os visitantes lavem bem as mãos. Usar álcool gel também é indicado. Deixar explicito de que os fumantes não devem fumar antes e, muito menos durante a visita, e pedir gentilmente que evitem o uso de perfumes, que podem irritar o bebê.
Quem Coruja – Se é algo muito difundido é que não se deve tocar na mãozinha de bebê. Ainda assim, muitas pessoas têm esse hábito. Quais são os principais problemas desse gesto?
Amanda Martins – Os bebês costumam levar as mãos à boca e assim “transportar” as sujidades das mãos dos adultos, levando ao risco de contrair infecções. Ainda que o adulto não esteja doente, o fato de ele apertar a mão de uma outra pessoa que esteja gripada, por exemplo, e depois pegar nas mãos do bebê já é prejudicial. Sem contar com o número de objetos que o adulto encosta as mãos ao longo dia, que para nós são comuns, mas que, para recém-nascidos desprotegidos imunologicamente, podem ser fontes de vírus e bactérias.
Quem Coruja – O excesso de cuidado pode ser um problema também? Com o quê, a seu ver, não é necessário se preocupar tanto?
Amanda Martins – Durante o período neonatal, a preocupação ainda é maior e isso se deve, principalmente, ao fato de o recém-nascido ainda não apresentar maturidade imunológica. Cuidados como limitar o número de visitantes e exigir higienização das mãos não são frescuras. Porém, com o tempo, ao contrário do recém-nascido, é importante que o bebê comece a explorar o mundo à sua volta. Incentivar a criança a brincar em um ambiente aberto, onde tenha contato com outros bebês. Tomar banho de sol obedecendo os melhores horários (antes das 10h e após 16h) e por até 10 minutos (já são suficientes para fortalecer o sistema imunológico). O excesso de higiene pode aumentar o risco de a criança ter alergia. O ideal é manter cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos, escovar os dentes, manter a casa limpa e higienizar utensílios e roupas do bebê (mas sem excessos!), além estar com o calendário de vacinação atualizado. O aleitamento materno é um forte aliado à imunização nessa fase inicial da vida também. Deve-se, também, diminuir a preocupação com barulho e luminosidade do ambiente quando a família “foge” uma pouco da rotina, como por exemplo, vão a um evento ou viagem, para que a criança consiga dormir mesmo nessa condição, embora não seja ideal.
Quem Coruja – Levar flores para as mamães não é permitido em muitos hospitais. Também devem ser evitadas em casa?
Amanda Martins – Levar flores para presentear os novos pais é uma atitude gentil e de carinho à família, porém devemos ficar atentos a alguns cuidados. Orientamos deixar as flores fora do cômodo onde o bebê permanecerá para que ele não inale pólen, além de evitar flores tingidas ou com perfume forte para não ocasionar alergias.
Foto em destaque: Banco de Imagem Perinatal/Divulgação