Saúde

Filtro solar não é passaporte para o sol

A dermatologista Ana Pia Coelho ensina os cuidados necessários para a proteção dos pequenos

A primavera vem aí e, com ela, dias ensolarados preparando para a chegada do verão. Hora, portanto, de relembrar a importância dos cuidados ao expor a criançada ao sol. E eles não se resumem ao uso de filtro. Segundo a dermatologista Ana Pia Coelho, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a aplicação de protetor solar não é passaporte para o sol. Eles apenas aumentam o tempo de exposição antes a ação solar cause uma queimadura. A melhor forma de estar protegido é diminuir o tempo de exposição.

– Um filtro solar com FPS 15, teoricamente, aumentaria o tempo de exposição ao sol antes de causar vermelhidão na pele em 15 vezes. Esse fator de proteção é dado no laboratório de experimentação com condições ideais, sem molhar e sem suar, aplicando uma camada bem espessa. Ao usar o filtro de uma maneira mais cosmética (para não ficar todo lambuzado), o produto fica bem espalhado e forma uma camada mais fina, o que diminui em 4 a 5 vezes o fator de proteção. Por este motivo sempre se recomenda um filtro com fator de proteção alto e que possua fotoprotetores químicos e físicos associados. Mesmo assim esta proteção vai aumentar o tempo de exposição em até duas horas ou três, no máximo (dependendo do tom de pele e sua sensibilidade a luz) – explica a médica.

Além de diminuir o tempo de exposição ao sol, a dermatologista aconselha ir à praia em horários em que a radiação UVB seja menor e ficar em ambiente coberto.

– O sol da manha (antes das 10h) e no fim da tarde (após às 15h) é pobre em radiação UVB – que é a maior causadora de câncer de pele. Vale lembrar que os raios UVA atravessam a atmosfera durante todo o dia e também podem ser causadores de tumores em menor proporção. Como os fotoprotetores têm uma ação limitada, o uso de barracas e chapéus também ajuda. A barraca de praia diminui a radiação direta do sol, mas não protege dos raios refletidos na areia. Usar roupas que protejam a pele é outra forma – orienta.

A médica recomenda que os pais passem bloqueador para uso infantil nos filhos, uma vez que ele privilegia fotoprotetores físicos (além do químico) e tem menor incidência de alergias.

– Os filtros com fator de proteção menor que 30, em geral, contêm somente fotoprotetores químicos, que provocam uma reação química na pele e impedem a ação dos raios solares. São mais agradáveis para o uso porque são menos oleosos e mais transparentes. Mas, não são resistentes à água e ao suor e devem ser usados como filtros diários. Não são indicados para exposição solar na praia, piscina e durante atividade esportiva. Já os bloqueadores solares associam fotoprotetores químicos e físicos – substâncias que formam um anteparo físico à passagem dos raios solares, como se a pessoa estivesse com uma roupa. O fator de proteção, em geral, é superior a 30. Eles são mais resistentes à água e ao suor e algumas vezes podem deixar a pele mais esbranquiçada. São melhores para exposição solar prolongada.

Segundo a dermatologista é preciso ficar atento a queimaduras – que se caracterizam por vermelhidão -, que significam que o tempo de exposição solar foi excedido, mesmo com o uso de fotoprotetor.

– É preciso evitar a queimadura solar, que se repetida, poderá levar ao surgimento de tumores na pele no adulto. A lesão mais grave que pode surgir na criança ou no jovem é o melanoma – tumor de alta malignidade – que está relacionado à queimadura solar eventual em pessoas predispostas e não à exposição solar crônica. Ele se caracteriza por uma mancha castanha ou enegrecida que aumenta em diâmetro (para os lados) rapidamente. Atualmente, existe um exame que consiste num mapeamento microscópico, chamado dermatoscopia digital, que permite uma avaliação evolutiva dos sinais. É recomendável para pessoas de pele clara e que tenham muitos sinais.

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