Doença é associada a momentos de crise. E o nascimento de um filho, por mais desejado que seja, é uma mudança importante
Um a cada dez homens apresenta sintomas de depressão após o nascimento de um filho, apontam estudos publicados no The Jounal of American Medical Association. Até bem pouco tempo, a depressão pós-parto era conhecida por atingir basicamente as mulheres. De acordo com a psicóloga Ana Paula Magosso Cavaggioni, da Clia Psicologia e Educação, a doença é mais comum em homens que são pais antes dos 30 anos e surge entre os 3 e 6 primeiros meses de vida do bebê, assim como acontece com as mulheres.
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas os que são observados com mais frequência são ansiedade, dores no corpo sem razão, aumento ou diminuição no apetite, queda de produtividade, diminuição da libido, alteração do sono (insônia ou hipersônia), cansaço e fadiga.
– Muitos homens começam a passar menos tempo em casa, num comportamento de fuga da situação. É natural que esses sintomas aconteçam em alguns momentos, entretanto é preciso ficar atento para o momento em que iniciaram e a por quanto tempo estão durando. A permanência de alguns destes sintomas por mais de duas semanas é indicativo de necessidade de consultar um psicólogo – orienta.
Ana Paula explica que a depressão está ligada a vivências de momentos de crise, tendo maior propensão aqueles com histórico de depressão prévia ou com histórico de depressão na família.
– Mudanças importantes na vida são considerados momentos de crise, e o nascimento de um filho, por mais programado e desejado que seja, é um deles. Um filho provoca inúmeras mudanças na rotina e na relação do casal, então além das preocupações quanto a ser um bom pai, como educar o filho, e quanto às condições financeiras, há algo muito mais imediato que impacta o homem, como a mudança na relação e o manejo da nova situação.
Com a dedicação exclusiva da mulher à maternidade, sobretudo nos primeiros meses após o nascimento do bebê, o homem pode sentir-se sozinho, preterido, pouco importante ou até incapaz de compreender as necessidades do filho e da mulher, e com isso não consegue um espaço para si nesta nova relação. Daí ser mais comum em pais de primeira viagem. Mas nada impede que aconteça também com quem já teve filhos.
A psicóloga recomenda que o casal converse com um especialista, de forma preventiva, ainda no período pré-natal, para trabalhar os aspectos psíquicos e emocionais referentes à chegada de um filho, diminuindo os riscos de uma depressão pós-parto de ambos, pai e mãe.
– Se o quadro já estiver instalado, no entanto, é importante reconhecer os sintomas e buscar a ajuda de um psicólogo. Alguns casos poderão necessitar de intervenção medicamentosa de um médico psiquiatra.
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