Você já ouvir falar em autismo virtual? Estudos vêm mostrando que crianças menores de dois anos podem apresentar sintomas semelhantes aos do espectro autista por conta do uso abusivo de telas de tablets e smartphones. O chamado autismo virtual merece atenção.
– Autismo virtual não é uma doença, é um conjunto de sintomas semelhantes ao autismo clínico, que aparece em crianças que ficam muito tempo expostas a telas. É mais comum de acontecer em crianças abaixo de 2 anos de idade, que ficam muito tempo expostas a telas, sem contato com outras crianças – alerta Gesika Amorim, pediatra, neuropsiquiatra infantil, especialista em tratamento integral do autismo.
Os sintomas comuns são o isolamento social, quando a criança começa a anular as coisas que estão ao seu redor, ficando focada totalmente na tela; o prejuízo na fala; e a dificuldade de mudar a rotina. Gesika ressalta a importância de diferenciar autismo virtual de autismo clínico. Segundo a médica, como o autismo virtual não é uma doença, o esperado é que quando se retira as telas e se começa a estimular esses bebês, os sintomas regridam.
– Quando se fala em autismo virtual não se fala em doença, em espectro, se fala em situação por falta de estímulos que está acontecendo porque as crianças não estão socializando, não estão convivendo com outras crianças, estão ficando apenas expostas a telas. O mais importante é desligar a tela e inserir esta criança num mundo com outros estímulos – explica Gesika.
Autismo virtual – Crianças precisam de estímulos diversos e não só visuais
Autismo virtual foi o conceito usado pelo psicólogo romeno Marius Zamfir, que realizou pesquisa sobre o tempo de exposição às telas por crianças com autismo. O que os especialistas vêm alertando há muito tempo é que crianças menores de 2 anos não devem ter contato com as telas, pois não há nenhum benefício nisso. Pelo contrário, muito tempo em frente a tablets, smartphones e até TV pode acabar trazendo prejuízos ao desenvolvimento. Para as crianças acima dos dois anos, a recomendação é que tenham um limite de apenas duas horas por dia, divididas ao longo do dia.
De acordo com Gesika Amorim, é importante entender que o desenvolvimento não depende só do estímulo visual que as telas fornecem, mas dos estímulos tátil, sonoro e, principalmente, da imitação, quando ela interage em casa, com a família, na escola ou na creche.
Autismo virtual – pandemia contribui para exposição exagerada às telas
As restrições impostas pela pandemia acabam contribuindo para o chamado autismo virtual, pois o isolamento necessário para o combate à Covid-19 teve como consequência a hiperexposição das crianças às telas. Mas o fato é que, mesmo antes desse isolamento, a exposição exagerada de crianças às telas já preocupava especialistas em saúde infantil, sendo motivo de campanha constante da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Imagem de Helena Jankovičová Kováčová por Pixabay
Meu filho está passando por isso.
Acho que minha filha tbm está.