Endocrinologista orienta sobre a importância da alimentação e do cuidado com o peso antes mesmo de engravidar
Estar acima ou abaixo do peso saudável pode afetar a fertilidade, o curso da gravidez e o futuro metabólico tanto da mãe quanto do bebê. De acordo com a endocrinologista Joselita F. de Siqueira Bodart, é muito importante que a mulher aprenda a se alimentar de forma adequada e tenha uma rotina de exercício físico antes de engravidar.
– Isso deve fazer parte do planejamento na hora de aumentar a família. Esse cenário saudável vai ser fundamental para o resto da vida da mãe e da criança – orienta.
Para avaliar se uma pessoa tem ou não o peso que deveria ter é feito um cálculo: o índice de massa corporal (IMC), que leva em consideração o peso e a altura. A conta é a seguinte: IMC= peso / (altura ao quadrado)
E o resultado é avaliado da seguinte maneira:
IMC | Status do peso |
Abaixo de 18.5 | Baixo peso |
18.5-24.9 | Normal |
25-29.9 | Sobrepeso |
> 30 | Obesidade |
> 40 | Obesidade extrema |
Segundo a endocrinologista, a fertilidade pode ser negativamente afetada pela obesidade. Nas mulheres, a obesidade iniciada na juventude favorece a irregularidade menstrual, ciclos anovulatórios e infertilidade quando na idade adulta.
– Quando o IMC é maior que 30, há maior chance de aborto espontâneo e também insucesso dos tratamentos de ferilização assistida. O fator principal causador desta situação está associado a excesso de insulina e resistência insulínica, que leva a alterações hormonais.
No entanto, se a mulher inicia a gestação estando acima do peso, ela não deve fazer dieta com restrição calórica, afirma a médica. O recomendável, segundo ela, é adotar uma dieta saudável e equilibrada, com refeições leves, feitas várias vezes ao dia, para favorecer a perda de peso natural. Essa dieta deve ser preparada por um profissional que cuidará para que sejam oferecidos diariamente os nutrientes e calorias necessários para o bom desenvolvimento fetal.
Por outro lado, quem está muito abaixo do peso também pode ter dificuldades para engravidar. Segundo a médica, é necessário um percentual mínimo de gordura corporal de 22% para que o ciclo mentrual seja regular e ovulatório. Isso quer dizer que, mesmo que uma pessoa tenha ciclos menstruais regulares ela precisa de uma certa quantidade de gordura corporal para poder ovular.
– Estudos mostram que mulheres com IMC entre 20 e 25 têm mais chances de engravidar naturalmente. O percentual de gordura muito baixo compromete o eixo hormonal entre a hipófise e os ovários. Isso significa que o sinal dado aos ovários para haver ovulação não acontece. Então, essa mulher pode ter folículos e óvulos suficientes em seus ovários, e mesmo assim, não ovular – explica.
Essa é uma situação muito comum entre atletas e bailarinas: não ovulam por causa do execício excessivo e do baixo peso. E está se tornando comum também entre as mulheres pela pressão social ter um peso extremamente baixo.
– Se o seu IMC está abaixo de 18,5, você já está em risco. Se uma mulher engravida com baixo peso, há risco do bebê nascer com baixo peso, ou pequeno para a idade gestacional. Com isso, ele tem mais riscos de se tornar obeso e diabético na idade adulta.
Riscos de estar acima do peso na gravidez
Diabetes Gestacional: mulheres acima do peso têm maiores chances de desenvolver diabetes que se inicia com a gestação.
Pré-eclampsia: mulheres acima do peso têm maior risco de apresentar pressão alta com perda de proteína na urina após 20 semanas de gestação.
Infecção: mulheres obesas apresentam mais infecção urinária e também têm maior risco de infecção pós-parto (tanto em parto normal, quanto em cesariana).
Trombose: obesidade na gestação está relacionada a trombose venosa profunda.
Complicação no trabalho de parto: mulheres obesas têm maior dificuldade de entrar em trabalho de parto naturalmente, muitas vezes precisam que o parto seja induzido por medicações.
Cesariana: obesidade durante a gravidez aumenta a chance da necessidade do parto cirúrgico e ainda aumenta o risco de complicações do parto, tais como problemas na cicatrização da incisão e infecção local.
Morte fetal: obesidade materna está relacionada a maior risco de aborto espontâneo e feto natimorto.
Obesidade infantil: bebês de mães obesas podem nascer obesos e com maior risco de serem adultos obesos e diabéticos.