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Como estimular a inteligência emocional nas crianças

As emoções das crianças têm muito a nos dizer. Mas como ouvir e interpretar algo que, muitas vezes, se expressa em forma de “birras”? A pedagoga, neuropsicopedagoga e educadora parental Beatriz Montenegro destaca a importância de a inteligência emocional ser estimulada e desenvolvida desde a infância, ajudando pais, educadores e, principalmente, as crianças, na resolução de conflitos e desafios.

A escuta interessada e compreensiva é um importante começo. pois ajuda a fortalecer vínculos, gerar empatia e criar confiança. Não se trata de concordar com tudo ou não estabelecer limites, mas de conduzir o relacionamento com diálogo afetivo.

– Quando pensamos numa educação respeitosa, em uma parentalidade consciente, a comunicação não violenta faz todo sentido, como também a teoria e o olhar do Apego Seguro para as relações – avalia Beatriz.

Inteligência emocional – Ações para uma educação respeitosa

A especialista destaca seis ações que ajudam a promover a inteligência emocional na infância:

1- Permitir que a criança sinta e expresse suas emoções, sem julgamento
“Sentir é natural do ser humano e não há controle sobre o que se sente. Assim a raiva, o medo, a tristeza são emoções que todos os seres humanos sentem, e o controle que podemos ter é na ação que teremos diante desse sentir”.

2- Acolher explosões emocionais
“Acolher no dicionário se refere a abrigo, a dar colo, oferecer proteção. Uma criança numa explosão emocional (birra, gritos constantes, choros intermináveis), necessita de um adulto que ofereça para ela a proteção neste momento. Expor, criticar, julgar o comportamento não auxilia a criança a construir a inteligência emocional, pois ela compreende que aquele comportamento não é aceito, mas não sabe como ter um outro diante do que está sentindo”.

3- Auxiliar a criança a nomear suas emoções
“As crianças não possuem um repertório amplo para nomearem o que estão sentindo. Inclusive muitos adultos possuem dificuldade em realizar isso. Porém há um ponto importante aqui: os pais, por mais que conheçam seus filhos, não conseguem saber exatamente o que eles sentem! Então o caminho é auxiliar neste processo e não afirmar: Isso é raiva! Isso é medo!”

4- Ser um porto seguro para a criança em todos os momentos
“As crianças sentem o amor ou o desamor, na proporção que sentem que podem ser elas mesmas, que o que sentem é valorizado e tem espaço para existir. Quando isso não acontece, a criança se desconecta de si e passa a buscar apenas cumprir com as expectativas dos adultos”.

5- Dar contorno as ações que machucam e agridem os outros
Quando falamos em acolhimento e em respeito mútuo, uma grande dúvida que surge, é: “E os limites? E quando a criança bate?”. Diante das emoções, todos os adultos podem ter atitudes destrutivas ou agressivas e quando elas acontecem, nós, pais e educadores, devemos dar esse contorno para a criança. Devemos dizer: “Você pode sentir isso, mas bater não é aceitável!” Essa clareza auxilia e muito as crianças a terem atitudes assertivas diante do que sentem”.

6- Nunca castigar, punir ou chantagear
“Castigo e punição fazem parte da nossa história social como caminhos para resolver e conter comportamentos difíceis e explosões emocionais, porém, nunca foram eficazes. Analisamos o nosso comportamento adulto diante das emoções e também a alta taxa de agressividade e criminalidade que temos nas grandes cidades. Se o castigo ou a punição resolvesse, nada disso aconteceria”.

E se seu filho ou sua filha já estiver na fase da adolescência, o caminho é bem similar.

– De acordo com os últimos estudos da neurociência, o cérebro está em desenvolvimento até 25 anos de idade, aproximadamente. Desta forma há uma diferença que é a idade, e o quanto uma criança pequena tem de consciência que diferencia de um pré-adolescente. Porém, ambos contam aos adultos sobre as dificuldades de lidar com suas emoções. É sempre importante lembrar que a adolescência é o resultado da infância vivida, se não aprendeu a lidar e expressar suas emoções na infância, vai aparecer em outras fases da vida este desafio, inclusive há muitos adultos “birrentos”, revelando que o desafio continua – explica Beatriz.

Inteligência emocional – Mudanças de pensamentos e comportamentos levam tempo

– As práticas listadas acima não transformam as relações ou resolvem problemas de um dia para o outro. Mas os resultados tendem a aparecer e os benefícios maiores são as chamadas soft skills, habilidades humanas e comportamentais que diferenciam adultos no sucesso profissional e pessoal, e que não são conquistadas em cursos e formações, mas no que se aprende a partir das vivências. como empatia, compaixão, capacidade de se reinventar, criatividade, organização, flexibilidade, comunicação e escuta ativa, entre outras.

Foto em destaque: Imagem de martakoton por Pixabay 

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