Especialistas falam sobre fatores psicológicos e problemas de saúde
Ansiedade, medo, insegurança. Se seu filho tem o hábito de roer as unhas, fique atento. O problema pode ser maior do que pontinhas de dedos machucadas.
– O comportamento de roer unhas é comumente encontrado em crianças, adolescentes e muitas vezes em adultos. Esse comportamento pode ser desencadeado ou mantido por fatores psicológicos, tais como ansiedade, medo, insegurança, problemas de socialização, entre outros. Inclusive pode ser usado como distração em situações ansiosas, como por exemplo, trazendo alivio e até algum prazer para a pessoa que emite – explica a psicóloga Gabriella Olivia Serizawa Gonzales, especialista em análise do comportamento aplicada e membro da Sociedade Brasileira de Psicologia.
Segundo Gabriella, é importante que se faça uma análise minuciosa para entender a causa deste comportamento, e a melhor forma de superá-lo.
– É importante que o pais fiquem atentos e, se for um comportamento bastante frequente e intenso, que procurem ajuda. A psicoterapia é aconselhada em alguns casos para investigar e tratar as causas e consequências e para que o individuo aprenda como lidar com situações que podem trazer ansiedade – orienta.
As causas podem ser emocionais, mas as consequências aparecem nas próprias unhas ou mesmo como problemas mais graves de saúde, como infecções.
– A onicofagia (hábito de roer unhas) provoca o encurtamento e a deformação das unhas, que pode ser permanente, e ferimentos ao seu redor, que podem evoluir para inflamações e infecções do contorno ungueal, conhecidas como paroníquias. Além disso, o hábito de colocar os dedos na boca, que podem estar contaminados por bactérias e vírus adquiridos, por exemplo, no transporte público, aumentam as chances de se adquirir infecções respiratórias, como a gripe ou gastrointestinais, como as gastroenterites. As unhas podem ficar muito curtas, ter o leito onde se apoiam destruído e nunca mais voltar ao tamanho normal. Em casos graves, nos quais as unhas são roídas por muitos anos, pode ocorrer até mesmo o encurtamento das pontas dos dedos – diz o dermatologista Roberto Barbosa Lima, médico responsável pelo Portal Dermatologia.net ( www.dermatologia.net).
O uso de produtos nas unhas podem até ter algum efeito, mas não são considerados muito eficazes pelo especialista.
– Em geral, são produtos de gosto ruim, amargo ou azedo, que desestimulariam o hábito de roer as unhas por este motivo. Sua eficácia não é boa porque o produto acaba sendo removido quando as mãos são lavadas e também porque, como a doença tem um fundo emocional importante, a vontade de roer as unhas é mais forte do que a aversão ao gosto ruim, e as pessoas acabam se acostumando com ele – avalia o médico.
Sim, não é algo fácil de ser mudado, e quem tem filhos que roem unhas sabem bem disso.
– É um comportamento difícil de cessar porque as unhas são acessíveis a qualquer momento e também porque, muitas vezes ela traz um alivio momentâneo. Muitas vezes é usado técnicas como passar produtos que deixam um gosto ruim na unha, ou pimenta, para que o comportamento cesse. É importante frisar que, dependendo do que está mantendo o comportamento, o hábito de roer unhas pode ser substituído por outros hábitos também considerados disfuncionais, isso porque, em alguns casos, é importante tratar o que mantem o comportamento, para que ele não volte a ocorrer – destaca Gabriella.
