Tema gera ansiedade e preocupação tanto nas famílias quanto nas educadoras. Leia o artigo
Dentro da rotina estabelecida pelas creches e escolas de Educação Infantil a alimentação é um assunto que gera ansiedade e preocupação tanto nas famílias quanto nas educadoras. Isso porque o trabalho com a alimentação representa muito mais que o simples ato de comer. As famílias ficam preocupadas, pois seus filhos, muitas vezes, passam a maior parte do tempo nas instituições escolares, e com isso não têm a possibilidade de acompanhar a rotina alimentar do filho e precisam do retorno da professora para saber como foi o dia, o que comeu e quanto comeu. As educadoras, por outro lado, se preocupam pois precisam dar conta de uma diversidade de hábitos alimentares, além das possíveis restrições. Claro que existe uma equipe envolvida nessa rotina (nutricionista, cozinheiras, auxiliares…), mas ainda assim é necessária uma boa dose de sensibilidade para detectar possíveis mudanças de comportamento que podem refletir na disposição da criança em se alimentar.
Espera-se que a alimentação oferecida nas creches seja de qualidade, bem preparada, balanceada e que seja oferecida em um lugar agradável, que favoreça a aceitação dos alimentos. É recomendado que cada grupo (turma) tenha o seu momento específico a fim de evitar aglomeração e, consequentemente, o aumento do nível de ruído que poderia acarretar em agitação e dispersão das crianças.
Mesmo com todos esses cuidados observa-se que algumas crianças, principalmente as que têm entre dois e três anos de idade, comem pouco. Nessa fase, as crianças, frequentemente, escolhem as comidas não só pelo sabor, mas também pela forma, cheiro e experiências vividas anteriormente. Por exemplo, se experimentou uma fruta e esta estava azeda, provavelmente não vai querer comê-la novamente.
Para estimular uma alimentação saudável é necessário um trabalho de parceria entre educadores, nutricionista e porque não as famílias. Muitas instituições planejam atividades que visam à integração dos cuidados com a ampliação das experiências para aproximarem as crianças dos alimentos rejeitados, como legumes e verduras. É possível contar histórias onde os personagens principais são os alimentos ou levar as crianças à feira ou hortifrutis para escolher e comprar os alimentos. Essa é uma forma de aproximar as crianças de todo o processo e não só do ato de comer. Permitir que elas sentem com quem desejarem comer e, claro, conversar. Educadores afirmam que a alimentação faz parte do processo educativo e por isso, é uma parte importante do desenvolvimento infantil.
É importante oferecer uma variedade de alimentos para que a criança tenha a oportunidade de sentir cheiros, provar diferentes sabores e assim estabelecer o que gosta e o que não gosta. O que quer e o que não quer comer. Mas é importante não obrigar a criança a comer o que não deseja, é imprescindível respeitar suas preferências e necessidades.
De uma maneira geral, as pessoas não comem apenas para saciar a fome. Nós comemos para celebrar, para encontrar amigos, para reunião de negócios e muitas outras atividades. Nesse sentido, comida assume também um significado social. Com as crianças, acontece da mesma maneira. Com o passar do tempo elas descobrem que comer é uma forma de se relacionar com as pessoas e não comer também faz parte dessa descoberta. Elas percebem o quanto isso mobiliza as pessoas mais próximas e fazem desse comportamento um aliado na hora de protestar, externar sua insatisfação ou ainda chamar a atenção de quem deseja.
O trabalho com alimentação, seja na creche ou em casa, requer atenção especial e muita disponibilidade. Ele envolve a construção de hábitos alimentares como sentar-se à mesa e segurar os talheres, assim como a descoberta e a valorização dos alimentos que fazem bem para a nossa saúde.