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Brincadeiras virtuais

Jogos eletrônicos podem até ser benéficos para o aprendizado, desde que usados de forma correta

Os jogos eletrônicos viraram uma febre mundial e podem ser considerados um fenômeno da cultura digital do nosso tempo. Esses jogos conseguem agradar um público muito variado. Meninas e meninos, crianças, jovens ou adultos se rendem aos seus “encantos”.

Algumas escolas utilizam os jogos eletrônicos no processo de ensino-aprendizagem. Os jogos utilizados pelas escolas possuem duas funções básicas: a lúdica, onde o jogo propicia diversão e prazer, e a educativa, onde se propicia a transmissão de conteúdos que contribuem para a aquisição de conhecimentos sistematizados.

Além dos jogos educativos, existem outras categorias, como simuladores, estímulo-resposta e jogos de tabuleiro, por exemplo. Além disso, existem diversos gêneros como jogos de corrida, de luta, música, cartas, esportes, e muitos outros. Ainda existem jogos em que você pode jogar na primeira ou terceira pessoa. Enfim… uma infinidade de opções para todos os gostos.

O sucesso desses jogos pode ser explicado pelo que especialistas chamam de escapismo social. Através deles somos levados a realidades alternativas, ou seja, quando jogamos nos desprendemos da nossa atual realidade e nos transformamos em um personagem que vive em seu próprio mundo, com suas próprias regras e objetivos. E nessa perspectiva podemos escolher quem queremos ser: mocinho ou vilão. Talvez por isso, os jogos eletrônicos despertam cada vez mais a preocupação de pais, psicólogos, professores e outros profissionais que lidam diretamente com a infância. As discussões giram em torno do conteúdo e, principalmente, da quantidade de horas excessivas que as crianças passam jogando.

Atualmente, a caracterização dos games relaciona-se às suas ligações com o treinamento militar. Os simuladores que vem dos Estados Unidos são fabricados conjuntamente pelas forças armadas e pelas empresas produtoras de games. E eles são utilizados em instituições como máquinas de guerra para criar situações de combate como ataque, defesa e estratégia. Mas também são vendidos no mercado em versões para lazer. Lazer?!

O que mais preocupa é que pesquisas apontam que a indústria dos games tem como alvo preferencial crianças e adolescentes. Isso porque estes possuem um potencial altíssimo de consumo com interesse em produtos de entretenimento. São muitos os danos causados pelo mau uso dos jogos eletrônicos. Pesquisas mostram que algumas pessoas tendem a colocar esses mundos fantasiosos acima do mundo real e passam a dar maior importância na evolução do seu personagem em um jogo do que a sua própria evolução como indivíduo no meio em que está inserido, como escola ou trabalho, por exemplo. Além disso, é muito comum que essas pessoas esqueçam de si mesmas, chegando a situações absurdas como deixar de comer ou dormir para continuar jogando. Essa atitude extrema pode levar ao vício psicológico e nesse caso, o “jogador” necessitará de ajuda profissional.

Se é possível que isso aconteça a um adulto, imagine com uma criança que é incapaz de compreender os efeitos negativos que os jogos podem produzir nela. Estudiosos alertam para os possíveis problemas que podem ser caudados pelo uso excessivo dos jogos eletrônicos pelas crianças. Um deles é o isolamento social, pois a criança passa tanto tempo jogando que se envolve cada vez menos em relações reais. Outro problema é a irritabilidade e falta de concentração. Estudos mostram que o uso excessivo desses jogos afeta a atividade da zona do cérebro responsável pelas emoções. Há ainda problemas relacionados à memória. Nós gravamos tudo que ocorre durante a nossa vida, mesmo que, eventualmente, não nos lembremos. Essas vivências ficam gravadas em algum lugar e podem ser relembradas em situações especiais ou podem influenciar nosso comportamento, principalmente, em situações impensadas. Nesse sentido, as crianças se tornam vulneráveis, pois gravam vivências muito mais profundamente do que os adultos. Nesse caso, a violência se torna a maior preocupação.

O mundo digital é bem real e não há como fugir dele. Mas não podemos deixar que as crianças tomem suas próprias decisões. Estabeleça um horário para o jogo, assim como acontece com a escola e com outras atividades, o jogo eletrônico precisa ter hora para começar e terminar. Se possível, peça para a criança jogar em uma área comum, assim você poderá acompanhar o tempo, a interação e o conteúdo do jogo. Procure respeitar a idade indicativa das embalagens, fique atento para que o tema e o conteúdo sejam adequados para a faixa etária do seu filho. E por fim, não faça do jogo eletrônico um vilão, privar as crianças de jogar não é a melhor alternativa. O importante é aprender a fazer um uso saudável e agregador, pois o jogo, quando bem utilizado, pode oferecer inúmeras possibilidades de aprendizagem cognitiva, motora e, claro, lúdica.

 

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