É preciso falar sobre bullying e dar atenção a esse problema
Certos assuntos são e devem ser recorrentes. O bullying, por exemplo, é sempre debatido em escolas, na mídia, em ambientes de saúde. E não é para menos. O bullying é um problema e traz vários transtornos.
– O bullying vem sendo estudado intensamente por profissionais de várias áreas do saber, a partir da década 90, mas desde os anos 70 tem recebido atenção de forma científica em todos os países. A origem do termo é da língua inglesa, quer dizer o mesmo que “um indivíduo muito valente”. Refere-se a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem uma motivação evidente, deixando o outro em uma situação de humilhação. São atos físicos e/ou verbais, exercidos por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir. São atitudes de um lado bastante passivas e do outro, muito ativas – explica a psicanalista e psicóloga Roseli Dal Bem Fistarol.
O bullying não acontece só na infância ou adolescência, e também não está restrito ao ambiente escolar.
– É um fenômeno que tem aparição no mundo todo, não apenas nos ambientes escolares. Está presente, também, nas universidades, nos ambientes de vizinhanças, nos grupo de amigos e trabalho e, inclusive em alguns contextos familiares – diz a psicóloga.
Segundo Roseli, tanto a família como a escola precisam ter claro o conhecimento da seriedade dos efeitos do bullyng na vida de uma criança ou adolescente. Para a psicóloga quando existe cuidado e atenção na relação entre pais e filhos, não é difícil perceber se existe algum problema:
– Na situação de uma criança e/ou adolescente, é a atenção do adulto que extrapola o aspecto de que se ele faz ou sofre bullyng. Quando existe uma relação de cuidado e diálogo se torna mais fácil de identificar se algo vai bem ou não. O poder identificar passa novamente pelo viés do prestar atenção à vida de uma criança e ou adolescente, por parte dos adultos envolvidos.
E ninguém precisa encarar o problema sozinho. Aliás, buscar ajuda é muito importante para lidar com o sofrimento causado pelo bullying.
– Alguns estudos deixam expressa e clara a importância de buscar um processo terapêutico, tanto da pessoa que pratica o bullying como daquela que sofre esse tipo de exposição, um espaço necessário para que possam ter um olhar para o que está acontecendo e o que esse fenômeno significa na vida desses sujeitos (criança, adolescente e/ou adulto). O bullying pode ser um dos fatores que faz um indivíduo buscar tratamento para poder enfrentar, com mais recursos, essa situação e sair dela. Se faz necessário atentar a complexidade desse fenômeno. É fundamental estar atento para outros fatores que possam estar envolvidos nesses atos de violência. São muitas as reações que poderão sobrevir dos atos de bullying, desde um desinteresse pelos estudos e de frequentar a escola, como depressão, suicídio ou mesmo reações de violência – explica Roseli.
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