Pediatra ressalta a importância das vacinas para imunizar bebês, crianças e adolescentes
A caderneta de vacinação de seu filho está em dia? Apesar de todos os esforços contra a Covid-19, o combate a outras doenças não pode ser negligenciado. Mesmo em meio à pandemia e todos os cuidados que se fazem necessários, é importante manter todas as vacinas de bebês, crianças e adolescentes atualizadas, destaca a pediatra Katia Telles Nogueira, presidente da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ). Confira a entrevista da médica ao Quem Coruja.
Quem Coruja – A pandemia e o isolamento que se faz necessário atrapalharam, de alguma forma, a cobertura vacinal de crianças no país?
Katia Nogueira – Em 2020, enfrentamos a primeira pandemia do mundo globalizado, com efeitos profundos e inéditos sobre a vida dos indivíduos e das comunidades. A necessidade do isolamento social e o volume de notícias de toda sorte em ritmo vertiginoso geraram uma enorme pressão psicológica sobre as famílias. Nesse cenário, muitos pais temeram a ida aos postos de saúde para vacinar seus filhos. Certamente a pandemia apresentou impacto na vacinação. Temos
dados extremamente positivos em relação à vacina H1N1 em toda a campanha do Ministério da Saúde. No entanto, nas outras vacinas tivemos uma perda na adesão. Ainda não temos uma estatística sobre isso.
Quem Coruja – Levar crianças aos postos de vacinação pode causar preocupações em muitos pais. Qual a importância de a caderneta de vacinação estar em dia?
Katia Nogueira – É fundamental que os pediatras reforcem junto aos pais a importância da caderneta de vacinação atualizada. Ela é uma segurança para a
prevenção de diversas doenças. A pandemia causada pela COVID-19 tem sido um aprendizado para todos, sobre o qual, a cada dia, vivenciamos fatos novos, exigindo constante atualização dos conhecimentos para um adequado enfrentamento à doença e informação às famílias. Toda essa situação que estamos vivendo tem sido causa de estresse e ansiedade em grande parte das pessoas, e as crianças podem estar reagindo de formas diferentes, com alterações comportamentais, do sono e da alimentação. Ter a caderneta em dia significa uma segurança a mais na prevenção de outras doenças. A Sociedade Brasileira de Pediatria tem um calendário elaborado para crianças e adolescentes hígidos (do nascimento até 19 anos de idade). Para aqueles com imunodeficiências ou em situações epidemiológicas específicas, as recomendações podem sofrer alterações.
Quem Coruja – Algumas pessoas podem pensar que, estando em casa, as crianças estão protegidas não só do novo coronavírus, mas de outros vírus e bactérias. De que forma isso pode prejudicar a saúde das crianças?
Katia Nogueira – Infelizmente, essa crença é errônea. A necessidade de permanecer em casa foi uma medida extrema que modificou completamente o funcionamento da vida de todos. Essa situação surgiu como um fator adicional e muitas famílias ainda não conseguiram se organizar nessa nova modalidade do dia a dia. As crianças não estão indo às escolas, os avós não podem contribuir no monitoramento delas, os pais precisam trabalhar em esquema de home office e, ao mesmo tempo, lidar com os afazeres da casa. Os cuidados com as crianças, que agora passaram a ser em tempo integral, incluem também as compras e as preocupações financeiras. Além disso, as famílias têm que lidar com as informações sobre a pandemia que nem sempre chegam de forma clara. O contato com os pais, cuidadores, vizinhos e até entregadores de comida podem expor as crianças. É preciso garantir a vacinação das crianças e atualizar a caderneta. Não podemos nos esquecer que logo essas crianças estarão de volta à vida normal com a diminuição gradual do isolamento social e estarão expostas novamente.
Quem Coruja – O que fazer se há vacinas atrasadas?
Katia Nogueira – Recomenda-se que os pais procurem o mais rápido possível um posto de saúde. Quando a vacinação é iniciada fora da idade idealmente recomendada, os esquemas podem ser adaptados de acordo com a idade de início, respeitando-se os intervalos mínimos entre as doses. Todas as vacinas podem ocasionar eventos adversos, em geral leves e transitórios. Essas informações devem ser passadas às famílias. A notificação de qualquer evento adverso é fundamental para a manutenção da segurança das vacinas licenciadas em nosso país. Portanto, é importante que os responsáveis procurem o setor de vacinação caso observem qualquer reação em seus filhos.
Foto em destaque: Imagem de Richard Duijnstee por Pixabay