Para algumas mulheres, ter filhos não atrapalha desenvolvimento na carreira. Conheça alguns exemplos
As mulheres vêm ganhando, cada vez mais, reconhecimento no mercado de trabalho. Pesquisas ainda apontam salários menores do que os dos homens e alguns cargos praticamente exclusivos aos profissionais do sexo masculino. Mas há conquistas, sim. E isso vale também para as que são mães. Não apenas pela prorrogação da licença-maternidade, de quatro para seis meses, mas pelas oportunidades que elas têm de atuarem e, muitas vezes, sobressaírem-se, no mercado, mesmo tendo que conciliar filhos e carreira.
Diretora de Sustentabilidade do escritório central do Walmart Brasil, em São Paulo, Camila Valverde Santana é um exemplo de como a maternidade não atrapalha no crescimento profissional. Ela foi promovida de função quando estava grávida de sete meses do filho mais novo, Matheus, hoje com 8 anos.
– Trabalho no Walmart há quase 14 anos. Iniciei minhas atividades na companhia como estagiária do financeiro, no escritório em Salvador, na Bahia. Em 2005, fiquei grávida do meu segundo filho, o Matheus. Nessa época, mesmo no sétimo mês de gestação, tive a oportunidade de participar de um processo seletivo interno para a vaga de analista de assuntos corporativos. Fui aprovada e consegui continuar minhas atividades até os nove meses de gravidez – conta Camila.
Para a gerente de Diversidade e Inclusão da empresa, Cleide Nakashima, a promoção de Camila Valverde é um exemplo de respeito pelo indivíduo.
– Este princípio permite que todos sejam respeitados e desenvolvidos profissionalmente independentemente de gênero ou qualquer outra característica – afirma.
As condições no ambiente de trabalho são importantes, mas o sucesso profissional também depende do foco que as próprias mulheres dão à carreira. Segundo a coach Richeli Sachetti, licenciada da SBCoaching, o que costuma atrapalhar aquelas que são mães é a cobrança demasiada que fazem de si mesmas.
– Percebo as mulheres retornarem da licença-maternidade com uma expectativa acirrada em fazer tudo o que não fizeram antes, não apenas no período da licença, mas em toda a carreira profissional. Ao mesmo tempo, chegam cansadas pela rotina da nova realidade. Nos depoimentos que ouço, com muita freqüência, das recém mães, aparecem a necessidade de mostrar independência e capacidade de realização das diversas atividades, dos diversos papéis com perfeição. Como não conseguem, sentem-se frustradas e muitas vezes, inseguras – avalia Richeli.
Michela Henrique Rodrigues, que trabalha como assistente administrativa de produção de uma seguradora, passou recentemente pelo turbilhão de emoções da volta da licença-maternidade. Apesar de sentir o fato de se afastar da filha Julia, de 8 meses, ela avalia o retomada da carreira como algo bastante positivo.
– A volta da licença-maternidade é bem complicada, meus sentimentos ficaram bem divididos. De um lado, tive uma sensação de abandono, que estava passando a responsabilidade de criação da minha filha para outra pessoa, foi como se o cordão umbilical tivesse cortado naquele momento do retorno ao trabalho; por outro lado, me senti bem por poder retomar a minha vida, meu trabalho, meu convívio social, poder conversar sobre outras coisas que não fosse bebê, cólica, amamentação – diz Michela, para quem a maternidade não é motivo de estagnação profissional. – Não tenho nenhuma preocupação ou insegurança quanto à minha carreira. Hoje, as mulheres ocuparam um lugar muito importante no mercado de trabalho, e já provamos que somos capazes de gerenciar bem maternidade, casa e trabalho, ocupando cargos tão bons quanto aos dos homens, sem misturarmos as coisas.
