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As descobertas do bebê

Os primeiros movimentos, sons e interesses são a maneira dos pequenos explorarem o mundo ao redor         

É muito comum ouvirmos dizer que quando nasce uma criança, nasce também uma mãe, um pai, um avô, uma avó, tios e outros personagens que vão conviver direta ou indiretamente com essa criança. Se para os adultos, que aguardam ansiosos pela chegada do bebê, o momento do nascimento é algo indescritível, repleto de emoções, dúvidas e expectativas, imaginem o que o nascimento representa para um ser tão pequeno e indefeso.

Ao nascer, o bebê vem de encontro a um mundo repleto de novidades e desafios e, desde os primeiros momentos de vida, ele dará início a uma fantástica viagem na busca do conhecimento e compreensão de um novo mundo.  Nos primeiros meses de vida, o interesse do bebê se centraliza quase que exclusivamente na figura materna. Sua voz, seu cheiro, seu toque são fontes inesgotáveis de prazer e todas essas experiências sensoriais permitem que o bebê construa em sua mente a imagem da mãe. Essa relação de afeto e cumplicidade favorece o seu desenvolvimento. Aos poucos, busca outros interesses, como a figura paterna. É necessário que o pai encontre uma forma de comunicação com o filho. Participar da sua rotina dando banho ou comida são ações importantes para o estreitamento dessa relação.

Os bebês descobrem o mundo circundante através do próprio corpo. Por isso, no início suas tentativas de exploração nem sempre serão bem sucedidas. Afinal, ele acabou de nascer e ainda precisa desenvolver algumas habilidades motoras e perceptivas para ajudá-lo nessa incrível descoberta. E são justamente essas tentativas de explorar o ambiente, que constituirão a base da sua futura atividade lúdica.

A partir do momento que consegue controlar e coordenar seus movimentos já é capaz de aproximar a mão dos objetos. Pode tocá-los e levá-los à boca. Ao sentar, essa relação se modifica, agora pode segurá-los e abandoná-los quando quiser. Esse movimento repetitivo de pegar e largar os objetos estimula novas experiências e, assim, o bebê percebe inúmeras possibilidades ao seu redor. Seu dedo, a chupeta, a grade do berço, o chocalho, panos e muitos outros objetos ganham vida.  Ao explorar um lençol ou qualquer outro tecido percebe que algo novo aconteceu.

Estudiosos consideram que brincar de se esconder é a primeira atividade lúdica dos bebês. Desaparecer e tornar a aparecer ou fechar e abrir os olhos representam a ideia de perder e possuir o mundo. Além disso, estimulam o sentimento de separação ou perda. Os sons também são uma nova descoberta. Agora, além de ouvi-los, pode também produzi-los e, assim, descobrem uma nova forma de brincar. Os balbucios são considerados a primeira tentativa de expressão verbal e para alguns estudiosos sua repetição é um brinquedo verbal. O bebê faz com os sons o que já experimentou com os objetos. Talvez, por isso, o chocalho seja um objeto de grande desejo. Com ele, os sons aparecem e desaparecem. Nesse período de descobertas sonoras, percebe que os objetos também produzem sons. Todos os sons o interessam, porém alguns podem assustá-los, o chocalho serve para repetir essas experiências e vencer o medo. Ao bater os objetos para produzir sons, descobre outra atividade lúdica: jogá-los no chão. Agora, além de manipular, morder, chupar e bater nos objetos, também quer jogá-los. O bebê não tem a intenção de manipular o adulto e sim quer experimentar a sensação de perder e recuperar o que ama.

Objetos ocos também são interessantes. Num primeiro momento, o seu próprio corpo e o do outro são os objetos explorados. Dedos, olhos, boca e ouvidos ajudam a descobrir a ideia de unir e separar, de por e tirar. Os bebês brincam incessantemente de colocar e tirar objetos de panelas e potes, dos buracos da banheira e da fechadura. Tudo que serve para ser preenchido e tudo que serve para penetrar o satisfazem.

Ao engatinhar, a criança ganha autonomia para se deslocar. Já pode jogar e ela mesma buscar os objetos. Estudos afirmam que surge nesse período, em algumas crianças, o interesse pelo tambor. Ele simboliza o ventre fecundo da mãe, depois tornar-se meio de comunicação, assim como aconteceu ao longo da história e, por último, objeto de descarga de tendências agressivas.

Ao andar, seu campo de ação se amplia. Nesse momento, sua exploração é consciente e passa a afastar-se e reencontrar-se com os objetos de maneira intencional. Nesse período, a bola constitui o centro do seu interesse, pois a forma esférica simboliza o seu corpo e o de sua mãe. Esse interesse persistirá através dos anos.

O brincar pode ser considerado a ação principal da criança. Sua importância reside no fato de ser uma ação livre, iniciada e conduzida pela criança com a finalidade de conhecer a si mesma, os outros e o mundo em que vive.

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