Colégio adota método de Comunicação não-violenta em atividades pedagógicas
O papel da escola vai muito além do ensino formal. É um lugar de aprendizagens múltiplas, de trocas de conhecimentos, de aprimoramento social. Isso é percebido em projetos e atividades que não estão, necessariamente, relacionados ao conteúdo curricular, mas fazem toda a diferença na educação das crianças. São ações que envolvem alunos, professores e, algumas vezes, até as famílias, em benefício de todos.
Colégio Cruzeiro trabalha conceitos da Comunicação não-violenta
No Colégio Cruzeiro, por exemplo, os alunos têm a oportunidade de trabalhar conceitos da Comunicação não-violenta (CNV), contribuindo para o fortalecimento do diálogo, da tolerância e da cooperação. Criada pelo psicólogo americano Marshall B. Rosenberg, a “Comunicação não-violenta” é um método que busca a resolução de conflitos de maneira pacífica, com conversa e empatia.
Os conceitos e práticas foram abordados, ao longo do ano passado, de forma diferenciada de acordo com a fase escolar das crianças. Na Educação Infantil, a comunicação não-violenta foi trabalhada pelo viés “É conversando que a gente se entende”, destacando a observação, o sentimento, a necessidade e o pedido. No Maternal, as rodas de conversa, brincadeiras de telefone sem fio, contação e dramatização de histórias que envolvem sentimentos e outras atividades foram utilizadas para familiarizar os pequenos. Já no 1º ano, foi proposto aos alunos um passeio divertido pela temática da CNV, protagonizado pela “Gigi”, uma girafa (o animal é símbolo da CNV por ter o maior coração entre animais terrestres).
A girafa também foi escolhida para ter suas características e curiosidades pesquisadas pelos alunos do 3º ano nas aulas de Convivência. Os alunos refletiram sobre a importância de agir, falar e ouvir “a partir do coração”, percebendo que julgamentos prévios comprometem o diálogo. A leitura do livro “É conversando que a gente se entende”, de Júlia Luz e sua filha, Carolina Luz Bittencourt, ajudou a fortalecer os quatro passos da comunicação não-violenta. E os alunos de 4º e 5º anos criaram apresentações, por meio de slides produzidos em dupla, destacando o que caracteriza a “Comunicação não-violenta” e como ela pode ser praticada.
– Desenvolvemos esse trabalho, criando diferentes possibilidades para que as crianças pudessem refletir a respeito das formas de comunicação, apresentando-lhes situações bem concretas. Foi bastante interessante esse processo de mudança em relação ao tratamento entre eles, pois aos poucos passaram a dizer quais eram os sentimentos e as necessidades. Além disso, pelo constante exercício dessa prática, percebemos que a empatia foi uma das habilidades desenvolvidas. Fizerem um vínculo muito positivo com o personagem que representa a Comunicação não-violenta, e sempre faziam menção à girafa, lembrando que precisavam se comunicar de outra forma. Percebemos maior abertura de todos para o diálogo e entendimento, estabelecendo uma convivência ainda mais saudável – diz Ana Paula Ramos, diretora pedagógica estratégica do Colégio Cruzeiro, que notou as diferenças de comportamento dentro da escola – Foi interessante como que, à medida em que eram aplicados os passos da Comunicação Não Violenta, havia mais entendimento entre os envolvidos e os conflitos minimizados – avalia.
O Colégio Cruzeiro tem trabalhado a Comunicação não-violenta há cerca de três anos
– A equipe de orientação educacional e direção estudou o tema, a fim de se apropriar não só da teoria, mas entender o que representaria em nosso contexto a adoção dessa perspectiva. A partir daí, desenvolvemos uma série de iniciativas pedagógicas com professores e demais colaboradores, responsáveis e alunos – diz a diretora pedagógica.
Em 2019, a defensora pública e autora do livro “é conversando que a gente se entende”, Julia Luz fez uma palestra para pais e responsáveis. Os professores participaram de seminário e oficinas para pensar em atividades a serem desenvolvidas. Investimentos que, na avaliação de Ana Paula Ramos, obtiveram ótimos resultados:
– Os alunos se envolveram bastante com o projeto na medida em que foram entendendo que os passos da Comunicação não-violenta (a observação, o sentimento, as necessidades e o pedido) melhoram a qualidade das relações. Passaram, inclusive, a cuidar da forma como cada pessoa expressa suas ideias.
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Foto em destaque: Imagem de Michal Jarmoluk por Pixabay