Nunca é demais reforçar os cuidados necessários neste momento de pandemia do Covid-19. Cuidados que passam por hábitos básicos de higiene, como lavar as mãos, até evitar contatos com familiares e amigos, cumprindo as orientações de isolamento. Apesar de as complicações em idosos serem bem mais graves, existem muitas crianças que precisam de atenção especial.
– Embora as crianças apresentem sintomas brandos da doença e não evoluam para formas graves, temos que lembrar que existem crianças com diabetes, com doença pulmonar crônica, doença do coração, imunodeprimidos (pessoas com sistema imunológico enfraquecido), crianças e adolescentes transplantados. Esses grupos em especial merecem atenção redobrada – diz a pediatra Tania Petraglia, do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Isolamento reduz a transmissão. Pessoas assintomáticas também transmitem o novo coronavírus
O maior e mais eficaz cuidado que se pode ter é a conscientização de responsabilidade com o coletivo. E tudo começa preservando a própria família.
– É importante que as famílias tomem consciência que esse isolamento social é realmente para existir. Não há mais o almoço de domingo, visitar a vovó. Precisamos preservar nossos idosos. Eles devem ficam num isolamento social rigoroso. Os idosos que precisam de assistência devem ter assistência seletiva. Não é para fazer confraternização. O que podemos fazer, como cidadãos, é contribuir para esse isolamento social. Isso é a chave para interromper essa cadeia de transmissão. Ou as pessoas se conscientizam desta responsabilidade ou não vamos conseguir controlar adequadamente, da forma que gostaríamos – reforça a pediatra, destacando a questão da transmissão acontecer mesmo quando a pessoa está aparentemente saudável. – O que torna a situação mais agravante é que assintomáticos, pessoas que não apresentam sintomas, também transmitem a doença. A pessoa pensa que está bem, mas pode estar com o vírus e transmiti-lo.
Bebês e crianças pequenas precisam de cuidado especial porque dependem de quem faça a higiene adequada para eles e os mantenha em casa. Não compartilhar chupetas, garfos, copos, mamadeiras e outros utensílios são cuidados necessários. Também é recomendável dispensar babás e empregadas para que elas, como as famílias para as quais trabalham, possam se resguardar com o devido isolamento. Nesses casos, é importante acrescentar que se trata de uma dispensa presencial, e que estes empregos devem ser mantidos, e com remuneração.
Distância de segurança para evitar transmissão do novo coronavírus é de, no mínimo, um metro
A vacinação precisa estar em dia, mas é necessário discernimento em relação à procura nos postos de saúde e mesmo na rede privada.
– Estamos entrando na campanha de vacinação para influenza. A orientação que sugiro é que procurem otimizar a vacinação influenza com vacinas por ventura atrasadas para evitar várias idas ao serviço de saúde público ou privado. Ainda que as crianças recebam mais picadas, é preferível otimizar. Converse com o pediatra para ver o que pode ser feito para otimizar essa vacinação – diz a médica, listando algumas medidas que podem ser tomadas individualmente. – Procurar horários com menos movimento, evitar aglomerações, ficar mais ao ar livre com a criança. Se tiver uma fila, guardar uma distância adequada de, no mínimo, um metro entre as pessoas – orienta.
A saúde das crianças e adolescentes também passa pela informação adequada que recebem. Conversar com eles, respeitando o entendimento de cada faixa etária, pode ajudar muito neste momento em que estão afastados da escola e do convívio social.
– É importante que as crianças tenham alguma noção para que elas amadureçam neste momento também, e colaborem da forma mais tranquila possível. Não é fácil ficar com crianças dentro de casa, às vezes em ambientes muito pequenos, sem que se possa distrai-las. Então, uma conversa franca, dentro de uma linguagem que a criança entenda, é importante – avalia Tania Petraglia, sugerindo também um envolvimento maior no âmbito familiar. – Vamos aproveitar este momento tão desagradável, tão adverso, para tirar algum proveito. Aproveitar este momento com brincadeiras, interação com a família, e levar para frente, quando passar, algum aprendizado positivo que depois possa até mudar a conduta de muitos.
Confira alguns esclarecimentos e orientações da Dra. Tania Petraglia, do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), sobre o Covid-19.
Gestantes – “Em relação ao comprometimento ao feto, não temos nenhum indício de que pode haver algum comprometimento mais sério”.
Medicamentos – “Os medicamentos em geral utilizados estão sendo feitos a nível hospitalar. Medicamentos que, para a Covid-19, são experimentais e seguem protocolo de pesquisa ou mesmo de protocolo de serviço local. Isso só para tratamento”.
Isolamento – “O que podemos fazer, como cidadãos, é contribuir para esse isolamento social. Isso é a chave para interromper essa cadeia de transmissão”.
Higiene das mãos – “Lavar sempre as mãos, adequadamente, várias vezes ao dia. Essa questão da lavagem das mãos é o mais importante”.
A pediatra Tania Petraglia, da SBP, concedeu esta entrevista ao Quem Coruja em meio a uma enorme e exaustiva demanda de trabalho. E terminou a entrevista com as seguintes palavras: “Desejo que vocês passem por essa situação com responsabilidade, contribuindo com o melhor que podem, e guardando os melhores aprendizados e os melhores momentos com seus filhos para depois que isso tudo passar”. O Quem Coruja só pode agradecer desejando muita proteção a todos os profissionais de saúde para que continuem seu nobre trabalho para depois que tudo isso passar.