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Por que crianças ficam de fora da vacinação contra Covid?

Pediatra explica razão de crianças não estarem na fila da vacina contra Covid-19

A chegada da vacina contra Covid-19 é uma verdadeira injeção de ânimo em meio à pandemia, uma grande conquista da ciência na área de imunização. Mas por que as crianças ficaram de fora do calendário de vacinação?

Presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o pediatra Renato Kfouri explica o motivo e, mais ainda, tranquiliza as famílias. A vacina contra Covid-19, segundo o médico, é bem menos importante para a saúde das crianças do que as demais vacinas previstas na carteira de vacinação. Se estiverem devidamente imunizadas de acordo com a idade, elas estarão muito mais protegidas do que se imagina.

–  São raros os casos em que as crianças desenvolvem formas graves, raros os casos em que elas estão sendo internadas e mais raros ainda os casos em que vão a óbito. Num cenário de pandemia, em que precisamos de vacinas mais urgentes, as vacinas foram testadas em adultos, e, no máximo, em adolescentes e idosos. Não há nenhum interesse, neste momento, de vacinas em crianças porque elas não são grupos prioritários. Num segundo momento, quando a pandemia estiver controlada, e esses grupos todos forem vacinados, quem sabe nós possamos pensar em vacinar as crianças. Ou não. Talvez as crianças jamais sejam vacinadas porque são um grupo pouco atingido pela doença e as vacinas podem ser destinadas aos grupos mais vulneráveis como a gente faz, por exemplo, nas campanhas de influenza de gripe – explica o pediatra.

Segundo Renato Kfouri, é pouco provável que as crianças recebam a imunização contra Covid este ano. Além de serem menos afetadas, elas não transmitem a doença com tanta intensidade.

– Não há nenhuma perspectiva. Elas não estão nem na fila. E dependendo do tipo de vacina, se tiver uma eficácia, uma duração de proteção por 10 ou 15 anos, por exemplo; se você vacina uma criança com 6 ou 7 anos e ela perde essa proteção aos 16, 17 anos, você empurra a doença para uma faixa etária que ela pode ser mais grave. Às vezes, é até melhor a criança pegar aos 4, 5 anos de idade do que deixá-la suscetível aos 20 anos, quando pode ter uma doença mais grave. Temos que aguardar para ver se as crianças serão vacinadas – avalia.

Carteira de vacinação em dia é indispensável para a saúde das crianças 

O pediatra ressalta, no entanto, a necessidade de proteger as crianças, mantendo a carteira de vacinação em dia.

– As coberturas vacinais já vinham em queda para as demais vacinas, e com a pandemia isso se acentuou de forma marcante. Não temos nenhuma das vacinas incluídas no calendário com a meta atingida. Isso é muito grave. Corremos o risco de passar da pandemia e termos outras epidemias, de sarampo, de coqueluche, de pneumonia, de diarreias, por falta de cobertura vacinal. Esse é um esforço de todos nós, da Unicef, da Sociedade Brasileira de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Imunizações, para que consigamos convencer as pessoas a frequentar as unidades de saúde. Vacinação é um serviço essencial. Vacinação em dia mesmo na pandemia – destaca Renato Kfouri.

Ainda de acordo com o pediatra, alguns estudos mostram que os riscos que a criança corre ao não ser vacinada é 80 vezes maior do que o risco de ela adoecer de Covid.

– Se você não leva seu filho para vacinar com medo da Covid-19, você está correndo um risco 80 vezes maior de ele adoecer de sarampo, coqueluche, pneumonia, meningite do que ter um problema de Covid, que, em criança, é uma doença extremamente leve na maioria dos casos. Então, não se deve atrasar o calendário vacinal – afirma o pediatra.

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Foto em destaque: Imagem de HeungSoon por Pixabay 

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