Otorrinolaringologista dá dicas para o verão
No verão, para se refrescar, nada melhor do que curtir uma piscina ou praia, e se deliciar com bebidas geladas e muito sorvete, né? Mas é preciso ter alguns cuidados para que os excessos não comprometam a saúde do ouvido, do nariz e da garganta, alerta a médica otorrinolaringologista Jeanne Oiticica. Segundo ela, o clima quente do verão favorece especialmente o surgimento das otites.
– Isto ocorre devido a dois principais fatores: primeiro, porque as pessoas ficam mais expostas à água (piscina, praia, sauna, rios, lagos), tanto em frequência, quanto em tempo de exposição; e segundo porque o calor dilata os vasos sanguíneos, favorece o suor e a umidade, fatores que deixam a pele do ouvido mais quente, úmida e molhada, o que contribui para a proliferação de microorganismos (bactérias, fungos, vírus) causadores de otites – explica.
A médica recomenda algumas dicas. Apesar de serem raras as ocorrências, o excesso de água e de umidade nos ouvidos pode contribuir para o surgimento de infecções, em especial da pele do canal da orelha. Por isto, para quem estiver em contato com água e mergulhar diariamente ou para aqueles que fazem isto em períodos específicos do ano (férias, verão, piscina, praia) é recomendado usar um líquido secante no ouvido.
– No exterior estes produtos são vendidos costumeiramente em farmácias. Aqui no Brasil, no entanto, não são encontrados com facilidade. Neste caso é preciso que o médico otorrinolaringologista faça a prescrição de fórmula secante na apresentação de gotas para pingar nos ouvidos.
O uso de tampão de ouvido também é importante para evitar a otite. O ideal para pessoas expostas regularmente à água (nadadores, profissionais de natação), àquelas predispostas a otites de repetição ou crônica, e ou aqueles com perfuração da membrana timpânica do ouvido, orienta a médica, é que o tampão de ouvido seja confeccionado sob medida.
– Uma fonoaudióloga tira o molde ou o decalque do canal do ouvido da pessoa, e um protetista confecciona o molde preferencialmente sob medida, pois é mais eficiente, consegue vedar completamente o canal do ouvido e impedir a entrada de água.
No caso específico de piscinas tratadas com cloro, o contato prolongado pode aumentar em até três vezes as chances de crises respiratórias, já que o cloro irrita a mucosa das vias respiratórias.
Em alguns casos, sorvetes e bebidas geladas causam “vasoconstricção”, ou seja a contração dos vasos sanguíneos, na mucosa da garganta. O que reduz a circulação local de sangue e a produção de secreções da garganta, por exemplo, de saliva, que é rica em anticorpos.
– Se a imunidade já está comprometida, ou se a pessoa possui algum tipo de predisposição a ter infecções recorrentes de garganta, alimentos e bebidas gelados facilitam as chances de infecções de garganta – explica.
Com relação à exposição prolongada ao ar condicionado, a médica afirma que pode prejudicar a garganta, apesar de nem sempre ocorrer. O principal efeito do ar condicionado é que ele promove o ressecamento do ar e consequentemente da mucosa da garganta. E reduz, assim, a produção local de secreções, ricas em anticorpos, o que torna a mucosa da garganta susceptível e predisposta ao ataque de microorganismos.