Clara Passi indica dois livros sobre a dedicação que um filho exige
“Os livros que mais me tocaram – li ambos quando estava grávida e ouvi comentários de reprovação por causa disso – foram “O filho eterno”, de Cristovão Tezza, e “A queda”, do Diogo Mainardi.
O primeiro é o relato meio ficção, meio real, em primeira pessoa, sobre a experiência do escritor com o filho com Down. Fortíssimo, cru, por vezes duro. Foi muito importante para eu entender o compromisso e a dedicação que um filho exige, para além da parte cor-de-rosa dos arquétipos ligados à maternidade. Eu, que tive a primeira filha cedo (para os padrões atuais), sentia a necessidade desse contraponto para entender, através do relato de outros pais, o peso real de cuidar de um ser.
“A queda” teve o mesmo significado para mim. É um depoimento tocante e doce de um cara que é conhecido pelas opiniões fortes e polêmicas na imprensa. A imagem mental de Mainardi contando os passos do filho com paralisia cerebral na garagem do prédio deles é desconcertante. É a imagem da entrega que é preciso ter para ser uma boa mãe. Não a melhor ou a perfeita – porque isso não existe -, mas a mãe “suficientemente boa”, como diz minha analista. A mãe que está dando o seu melhor 24 horas por dia, em cada ato, que está sendo a mãe que ela pode ser, e isso já basta”.
Clara Passi é jornalista e mãe de Beatriz, 4 anos, e Dora, 2.