A importância de trabalhar conceitos e práticas ecológicas em sala de aula
A Educação Ambiental vem se tornando, ao longo dos anos, uma preocupação mundial. Profissionais de diferentes áreas, instituições, empresas, pesquisadores e, até mesmo, cidadãos comuns têm demonstrado cada vez mais interesse pelo assunto.
Até pouco tempo atrás, ninguém era educado ou alertado para os problemas gerados pelo consumo desenfreado de produtos materiais ou naturais. Estudiosos no assunto afirmam que a Educação Ambiental surgiu, justamente, com o objetivo de gerar uma consciência ecológica em cada ser humano, ensejando a construção de um conhecimento que permita mudar o comportamento em relação ao cuidado com a natureza.
Com isso, de uns tempos para cá, as instituições escolares passaram a trazer essa discussão para dentro da sala de aula. Essa foi e é uma iniciativa muito louvável e de grande importância para o desenvolvimento das crianças. No entanto, a forma como as coisas são conduzidas ainda merece atenção especial. Isso porque muitas vezes as noções de natureza, cuidado, preservação, sustentabilidade, entre outras, são transmitidas de maneira muito reducionista, revelando o quanto ainda temos para percorrer.
A maioria das escolas brasileiras, infelizmente, resume suas atividades em Educação Ambiental comemorando o Dia do Meio Ambiente no dia 5 de Junho ou reutilizando, ao longo do ano, sucatas do tipo potes de iogurte, caixas de suco, garrafas pet, entre outras. Não que seja errado trabalhar dessa forma, o problema está em apenas fazer isso e, pior, fazer de uma forma mecânica, sem de fato esclarecer para os alunos a importância do cuidado com o meio ambiente natural. E essa conscientização se faz necessária desde cedo, pois é através dela que o aluno tomará responsabilidade, quem sabe, para o resto da sua vida.
Os educadores têm inúmeros desafios para enfrentar. O primeiro deles é conhecer a fundo as questões que envolvem a Educação Ambiental escolar, ou seja, é preciso sair da zona de conforto em que se encontra e buscar formação e informação sobre o assunto. O segundo é transformar esse tema importante para todos os envolvidos no espaço escolar. Professores, funcionários da limpeza, da administração, porteiros e inspetores… Todos de uma maneira geral também são educadores. Além disso, é necessário que professores de todas as disciplinas e, não só os de Ciências e Geografia, se envolvam com esta questão. No caso da Educação Infantil, é necessário incluir essa temática em todos os conteúdos, inclusive em Matemática e Linguagem.
E o terceiro desafio, talvez o maior deles, segundo estudiosos, é ajudar os estudantes a perceberem que existem percepções de natureza diferentes construídas por distintas sociedades, grupos e indivíduos, que se modificam histórica, cultural e socialmente. Falando assim parece complexo, mas não é. A ideia é que as crianças tomem consciência aos poucos, que conheçam os problemas e as soluções de forma gradativa. Essa é uma formação contínua, não se extingue nunca. Por isso, não há pressa, e sim urgência, na iniciação de uma consciência ecológica.
Para isso é necessário que a escola reveja seus conceitos e prioridades. Dessa forma, terá a possibilidade de reconstruir sua identidade. Isso faz com que o discurso ecológico saia do papel e passe a ser incorporado no dia a dia. Ações simples como a redução no uso do papel, a troca de copos descartáveis por copos de uso durável e uma conscientização para a redução do lixo produzido durante o recreio, por exemplo, podem contribuir para que os alunos percebam que é mais simples do que parece. Basta começar.
Claro que não podemos esquecer que o tema é bem mais amplo e que envolve interesses econômicos, questões científicas e desenvolvimento. Mas o primeiro passo precisa ser dado. Do que adianta levar para a sala de aula grandes temas ambientais como mudanças climáticas, reciclagem e sustentabilidade sem antes trabalhar as relações humanas e as consequências de nossas ações sobre o meio em que vivemos diariamente?!
Pensando nisso, algumas escolas particulares do Rio de Janeiro criaram projetos ambientais onde os alunos se tornam protagonistas de uma importante transformação do cotidiano. O Garriga de Menezes, na Freguesia, em Jacarepaguá, por exemplo, implantou o projeto “Uma horta que faz toda a diferença”. A professora responsável pelas atividades afirma que um dos objetivos é utilizar o espaço para observação e aprendizagem, além de estimular hábitos saudáveis nos alunos que variam de 2 a 16 anos. Segundo ela, o projeto influencia as crianças a cuidar mais do meio ambiente, pois gera o interesse pelo fato de vivenciarem todos os processos da semeadura à colheita. Após a colheita, os alunos levam os alimentos para casa para compartilhar com a família o que aprenderam no colégio, transmitindo hábitos saudáveis para seus familiares. O restante é doado para a cozinha da escola.
Já a escola Edem, no Largo do Machado, implantou o projeto “Muda Mata”. Um professor se sensibilizou com o fato da Mata Atlântica estar perdendo sua área e a sua diversidade. Com isso, teve a ideia de continuar produzindo mudas nativas para devolvê-las ao lugar que lhes pertence. Paralelamente, essas mudas vão ser usadas como um objeto de aprendizagem, servindo para comunicar aos alunos, professores, pais e comunidade, informações sobre essas mudas como o nome vulgar, o nome científico, características etc.
Essas e outras escolas entendem que é preciso formar sujeitos ecológicos que se envolvam com os projetos, cuidando do ambiente escolar, mas que também se interessem pelo que acontece fora dele. Estudiosos afirmam que explorar conteúdos e objetivos sobre temas socioambientais de forma concreta, potencializa a formação de sujeitos críticos e atuantes, capazes de construir interpretações, entendimentos e protagonismos na realidade vivida.
“Já a escola Edem, no Largo do Machado, implantou o projeto “Muda Mata”. Apenas para completar a citação… Meu nome é Tito Tortori e eu sou o idealizador do projeto Mudamata que acontece desde 2012. Att.
Muito bacana o projeto, Tito!
Parabéns
Equipe Quem Coruja