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Educar também é dizer não

Crianças precisam de amor, compreensão, brincadeira. Mas também é importante impor limites

Nossa sociedade passou por muitas transformações ao longo dos anos. Por isso, a forma de educar e a forma de lidar com as crianças também mudaram. Se antes, as crianças não tinham voz, não eram reconhecidas e respeitadas em suas especificidades, hoje o mundo gira em torno delas.

Atualmente, os personagens centrais da nossa sociedade são as crianças e educá-las, tem se tornado uma tarefa cada vez mais desafiadora para pais e profissionais da educação. Para os pais esse desafio é muito maior, pois a mídia, a literatura, a própria família e amigos próximos podem influenciar sua forma de pensar e, consequentemente, sua forma de agir. No entanto, todos, de uma maneira ou de outra, compartilham da mesma dificuldade, a dificuldade de dizer não.

Nossa sociedade se transformou, sim, mas parece que em algum momento perdeu o rumo. E, sem perceber, criou uma geração de “pequenos tiranos”. Crianças cada vez mais seguras de si, cheias de vontade, exigentes e mandonas tentam dominar pais, familiares e qualquer adulto que lhes digam o que podem ou não fazer.

Com uma rotina atribulada e cansativa, os pais tendem a ceder aos caprichos dos filhos. A maioria faz isso sem perceber que está cometendo um grande erro. O sentimento de culpa por passar pouco tempo em casa, o cansaço mental e físico adquiridos com longas jornadas de trabalho, o receio de ser rígido demais e, assim, traumatizar os filhos ou prejudicar o seu desenvolvimento e, até mesmo, o medo de ser rejeitado e de perder o amor dos filhos levam os pais a agirem de forma errônea, pois eles deixam de fazer uma das suas principais responsabilidades que é educar. Sem querer cometer o mesmo erro do passado, onde o autoritarismo imperava, alguns pais confundem a necessidade de mais liberdade com a ausência total de limites. Uma criança educada para fazer o que quer não respeita ninguém, nem mesmo os próprios pais.

Estabelecer regras e impor limites é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança. A falta de limites, por sua vez, tem consequências sérias. Estudiosos afirmam que a criança que não aceita regras, que não sabe ouvir “não” e que não sabe lidar com as frustrações, terá muitas dificuldades para conviver com os outros. Os limites ajudam a criança, entre outras coisas, a estabelecer relações cordiais, a perceber a diferença entre necessidade e desejo, a se proteger de situações de risco, e a entender que podemos fazer muitas coisas, mas não todas.

Estabelecer limites não é tão complicado como parece. Sabemos que não existe um manual ou receitas únicas e padronizadas, pois as características familiares e individuais são importantes para definir as escolhas e decisões a serem tomadas. Mas uma boa dose de bom senso e afeto são itens necessários para o desenvolvimento e a construção de um adulto capaz de se relacionar com amor e respeito ao próximo. E essa é uma regrinha básica de convivência que tem sido cada vez mais esquecida e deixada de lado.

 

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