Comuns em recém-nascidos, engasgos não podem persistir
O bebê está bem e, de repente, não consegue respirar, fica sufocado. O susto é inevitável.
– Meu neto era recém-nascido. Ainda estava na maternidade. Quando fui trocar a fralda dele percebi que ele queria chorar, mas não conseguia. Eu o peguei no colo e vi que estava sufocado, já todo vermelho. Minha reação foi virá-lo de barriga para baixo, e logo chegou a enfermeira que fez um tipo de massagem nas costas e no peito dele – conta Karla Paes de Oliveira, vó de Arthur, hoje com 8 meses.
Mãe do menino, Raquel Marques não esquece os dias de tensão:
– Foi horrível. Todos que estavam no quarto correram para chamar a enfermeira. Na hora, fiquei sem reação, não conseguia me mover. Fiquei três noites revezando com meu marido, observando o Arthur, para ter certeza de que ele não ia engasgar novamente.
O engasgo deixa muita gente assustada e é mesmo um motivo de preocupação. Nenéns bem novinhos estão mais propensos a engasgar.
– Os engasgos em bebês são relativamente frequentes e geralmente refletem uma incoordenação entre a sucção, respiração e deglutição. Normalmente, os engasgos nos primeiros dias de vida refletem imaturidade de coordenação entre a sucção e deglutição, especialmente quando ocorrem durante ou após as mamadas – explica a pediatra Maria Fernanda Melo Motta, Coordenadora do Serviço de Pediatria do Hospital Rios D’Or, no Rio de Janeiro.
Segundo a médica, os engasgos tendem a reduzir consideravelmente com a maturidade neurológica no processo de desenvolvimento do bebê. Se isso não acontece, o pediatra deve ser informado.
– Dependendo da idade e dos sintomas associados, os engasgos podem significar sintomas de algumas doenças como condições neurológicas, atraso de desenvolvimento, doenças musculares, refluxo e até doenças alérgicas do esôfago – afirma Maria Fernanda.
A dúvida é sempre o que fazer quando a criança engasga. Procurar ajuda o quanto antes é primordial. A pediatra destaca algumas medidas:
– Tentar passar calma para a criança caso esteja consciente, pedir ajuda chamando o Corpo de Bombeiros. Muito importante é nunca tentar tirar um objeto com os dedos sem visualização total para não o empurrar mais. Também não se deve soprar no rosto da criança. Existem manobras específicas ensinadas em cursos de suporte básico de vida para socorro imediato que podem ser feitas antes da chegada do Socorro. Essas manobras somente devem ser feitas caso a criança não consiga respirar (o peito não sobe e desce, não consegue tossir ou conversar ou está com a pele de cor azulada).
O socorro é diferente em relação à idade da criança e ao tipo de engasgo.
– No caso de engasgo com líquidos, deve-se levantar a criança e estimular a respiração através de suaves estímulos nas costas. Se houver aspiração de objetos sólidos, em menores de 1 ano, vira-se a criança de bruços e com a cabeça baixa em relação ao corpo, bate-se vigorosamente no dorso para expulsar o objeto por cinco vezes seguidas. Caso ela não volte a respirar e não expulse o objeto, vira-se a criança em seguida de barriga para cima, fazendo cinco compressões torácicas. Essas manobras são repetidas até que chegue auxílio ou que a criança volte a respirar. No caso de crianças maiores de 1 ano e que estejam conscientes, deve-se abraçar a criança pelas costas posicionando uma mão fechada coberta pela outra logo abaixo do tórax fazendo movimentos com as mãos para dentro e para cima, simulando uma tosse artificial. Os movimentos devem ser repetidos até que o objeto seja expelido. Caso a criança perca a consciência em qualquer momento, deve ser iniciada respiração boca a boca e massagem cardíaca – orienta a pediatra.