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Entrevista com autor

Modo como as crianças veem o mundo inspira o autor Henrique Rodrigues 

Henrique Rodrigues não estreou na literatura com obras infantis, mas depois de escrever o primeiro livro para crianças mergulhou de cabeça no universo lúdico e verdadeiro dos leitores mirins. Autor de “Sofia e o dente de leite”, “O segredo da gravata mágica”, “O segredo da bolsa mágica” e “Alho por alho, dente por dente” (este último com André Moura), pulicados pela Memória Visual,  ele conta ao Quem Coruja um pouco sobre o que é escrever para os pequenos.

Quando e por que você começou a escrever livros infantis?

Henrique – Comecei a escrever infantis em 2007, após o convite de uma editora, Camila Perlingeiro, que tinha acabado de conhecer na Flip. Já havia publicado para adultos, e sempre via a escrita para crianças como algo bem difícil, embora muita gente pense ao contrário. Decidi aceitar o desafio e, depois que o livro saiu e comecei a interagir mais com os pequenos leitores, recebendo o retorno deles, passei a pesquisar cada vez mais e querer publicar outros livros para esse público.

Quais os principais cuidados e/ou preocupações na construção de um livro para criança?

Henrique – Creio que é preciso compreender que a criança não é um mini adulto nem uma tábula rasa que pode aceitar qualquer texto tatibitate. A criança estabelece relações poéticas e imaginativas muito ricas, e é preciso muito trabalho técnico e também imaginativo para entrar nessa sintonia. Nós adultos não temos mais essa perspectiva de mundo tão rica e única, então o que podemos com nossa limitação de adultos é encontrar esse estado em que as palavras tenham sempre o gosto da surpresa e da descoberta.

O que mais o atrai no universo infantil?

Henrique – É justamente esse modo lúdico de ver as coisas, de inventar e reinventar a realidade que essa garotada possui. Talvez nossa pretensão de escrever poesia e outras formas de arte sejam um jeito adulto de continuar sendo um pouco criança, de acenar para o jovem que ainda existe numa camada do nosso desenvolvimento. Outro ponto que me atrai é a sinceridade com que os pequenos lidam com a realidade, sem os filtros sociais que os adultos impõem a si mesmos. Se um garoto diz que gosta de uma história, ele realmente gosta. Criança não faz média.
Você lia muito na infância? Tem algum autor ou história predileta?

Henrique – Lia bastante, embora tenha crescido em família pobre e sem muitos livros. A escola foi o primeiro local onde tive acesso a eles. A leitura de um livro, “O cachorrinho Samba”, da Maria José Dupré, foi muito importante. Eu tinha uns 7 ou 8 anos e tinha que ler para a escola, e na minha casa não tinha energia elétrica. Então gostava de ler de noite, ao lado de uma vela, cuja labareda parecia deixar a história ainda mais emocionante. Apesar daquele contexto de privação, é esse sentimento de descoberta e espanto que procuro em tudo que leio e escrevo.

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