Para combater o preconceito, nossas escolas precisam ensinar às crianças a resolver os conflitos e a conviver com as diferenças
Situações que envolvem preconceito são sempre desconfortáveis e constrangedoras para quem presencia e, principalmente, para quem sofre. Infelizmente, é cada vez mais comum ver nos jornais, revistas e televisões notícias que têm o preconceito como protagonista.
Podemos definir preconceito como um conceito criado antecipadamente. Um conceito criado antes de conhecermos uma pessoa. Normalmente esse conceito vem carregado de julgamentos e discriminação. Isso porque somos, na maioria das vezes, intolerantes com as diferenças. Valorizamos cada vez mais nossas escolhas e depreciamos as escolhas dos outros. Minha religião é melhor, minha alimentação é mais saudável, minha roupa é mais bonita, meu celular é mais moderno e por aí vai…
Sem perceber, educamos nossos filhos com essa visão distorcida da realidade. Muitas formas de intolerância resultam de visões e superstições presentes nas relações familiares e afetivas e de valores propagados em nossa sociedade.
A escola é lugar de aprendizagem. É o lugar onde aprendemos a nos relacionar, a conviver uns com os outros. As crianças se relacionam com adultos, crianças da mesma idade, crianças mais velhas e, também, mais novas e com funcionários de diferentes níveis hierárquicos. Por isso, consideramos a escola como um espaço democrático, onde pessoas de diferentes etnias, classes sociais, com formas diferentes de pensar e agir se encontram.
Mas nem sempre essa convivência é harmônica. A escola reproduz a sociedade em suas regras de convivência e dessa forma perpetua a estrutura social de desigualdade. Isso faz com que o preconceito entre na escola pela porta da frente.
Nossas crianças e adolescentes são influenciados diretamente pelos preconceitos e julgamentos existentes em seu berço familiar, por isso é comum presenciar práticas de segregação por condições de vida, preferências ou deficiências no âmbito escolar. O preconceito pode vir disfarçado de humor como um simples deboche pela forma de se vestir ou pela maneira de falar (sotaque), pode vir como forma de humilhação por estar acima do peso e até mesmo em forma de bullying por causa da sua orientação sexual.
A escola não deve admitir posturas como essas e precisa reconhecer seu potencial destrutivo. Nossas crianças e adolescentes precisam sentir-se protegidos e mais ainda, precisam ser estimulados a identificar essas práticas na convivência do dia-a-dia.
Para combater o preconceito, nossas escolas precisam ensinar às crianças a resolver os conflitos e a conviver com as diferenças. Para isso podem ser usados livros e vídeos que mostrem situações de preconceito. Mais do que trabalhar o material, é preciso trabalhar em cima das reações de cada um. Problematizar as opiniões. Questionar as razões que levam a determinado comportamento. Além disso, a escola precisa criar espaços de vivências verdadeiramente democráticas, que não fiquem apenas no discurso do professor.
Precisamos de escolas que promovam uma educação libertadora, democrática e transformadora que forme além de cidadãos críticos e letrados, seres humanos capazes de respeitar o próximo, independentemente da sua classe social, religião, raça, aparência física ou cultura.