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A fase das mordidas

Crianças pequenas costumam morder para se expressarem. É preciso ter tranquilidade para lidar com a situação

Quem convive com crianças pequenas sabe o quanto é difícil lidar com as mordidas. Isso porque, na maioria das vezes, elas causam dor e deixam marcas.

Nos primeiros anos de vida, a criança passa pelo que alguns estudiosos chamam de “fase oral”. Esse é o estágio mais primitivo do desenvolvimento. As necessidades, percepções e modos de expressão da criança estão originalmente concentrados na boca, lábios, língua e outros órgãos relacionados com a zona oral. As crianças que estão nessa fase ainda não verbalizam com fluência, por isso a linguagem do corpo fala mais alto. Ao colocar um objeto na boca, a criança está experimentando esse objeto, está aumentando o seu conhecimento sobre as coisas que o rodeiam. Ao morder outra criança, percebe que causou alguma reação. O choro ou o susto da criança mordida causam tanta curiosidade que ela pode querer experimentar de novo.

A mordida traz consigo muitos significados e engana-se quem pensa que o objetivo da criança que morde é agredir outra criança. A mordida é uma forma de comunicação e expressão de sentimentos. Além disso, pode ser considerada uma das primeiras formas de relacionamento entre as crianças e ela acontece pela disputa por brinquedos, objetos ou pela atenção dos pais ou professores.

Apesar de, na maioria das vezes, a mordida fazer parte do desenvolvimento natural da criança é preciso ficar atento a duas situações. A primeira é quando nós mesmos expressamos nosso carinho através de mordidinhas leves ou apenas fazemos de conta que vamos morder. Essas atitudes podem gerar “modelos” de imitação. As crianças, muitas vezes, reproduzem nossas ações em suas brincadeiras. Porém, ainda não sabem quanta força podem colocar na boca e também não conseguem avaliar as consequências desse comportamento.

A segunda é que precisamos ficar atentos, pois em alguns casos esse comportamento pode sinalizar algum problema de ordem emocional. Psicólogos e psicopedagogos alertam que se as mordidas são frequentes a criança pode estar insatisfeita, se sentindo rejeitada ou ansiosa por algum motivo e, nesse caso, é importante procurar ajuda de um profissional.

É preciso compreender que a mordida faz parte do desenvolvimento infantil, mas não podemos ignorar esse fato e deixar que ele se resolva naturalmente. Tranquilidade e cuidado são palavras-chave para lidar com essa situação, mas é importante sinalizar para a criança a dor que o outro sente, e sempre ajudá-la a encontrar outras formas de se comunicar. Mostrar possibilidades de expressar, através da fala e dos gestos, suas emoções.

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