Os males do uso excessivo e inadequado do fone de ouvido
Há várias orientações sobre o uso de telas de celular, tablet e computadores por crianças, incluindo recomendações específicas de tempo de exposição a essas telas de acordo com a faixa etária. São todos cuidados importantes. Mas não se pode esquecer que muitos desses aparelhos têm seu uso acompanhado de fones de ouvido, o que também merece atenção especial. Fones de ouvido podem comprometer a saúde auditiva.
Segundo a otorrinolaringologista clínica e cirúrgica Danielle Hosken, além de ser um dos fatores que contribuem para o ensurdecimento, o fone de ouvido pode causar zumbidos, dores nas cartilagens e até mesmo infecções.
– Qualquer fone de ouvido é prejudicial à saúde auditiva. Mas os fones intracanais são piores. Se tiver que usar fone de ouvido, que use um headphone. Mas o ideal é que não se use. O fone de ouvido é produzido universalmente, mas nossos ouvidos são diferentes. A entrada do meu ouvido é diferente da entrada do seu, que é diferente da de A, B e C. Dependendo do tamanho do fone, ele ainda machuca, a pessoa sente dor nas cartilagens do ouvido, causando um desconforto – diz a médica.
Os fones intracanais são piores porque além da questão do tamanho, que não é sob medida para cada ouvido, eles aumentam em até 10 decibéis o som que se ouve num headphone. E o volume do som é um fator importante para a saúde auditiva. Quanto maior a exposição, maiores os riscos.
– Se você tem um ruído de 85 decibéis, pode ficar até oito horas com fone. Mas se aumentar para 90, só mais 5 decibéis, já tem que cortar pela metade esse tempo, ficando quatro horas. E temos que ter cuidado porque o fone intracanal aumenta em até dez decibéis o som – explica.
Uso excessivo de fone de ouvido traz prejuízo à audição
Danielle, que atua em otorrinopediatria e avaliação auditiva neonatal e infantil, chama atenção ainda para o fato de as novas gerações serem as mais prejudicadas pelo uso indiscriminado de fones de ouvido.
– Nossa maior preocupação hoje é com as futuras gerações. Muitos colocam fones de ouvido para games e músicas. Nos adolescentes, isso é preocupante. Quanto mais cedo se expõe, mais rápido as células responsáveis pela audição vão fatigando. Em vez de ter perda de audição aos 70 anos, se você for exposto ao ruído continuamente, por exemplo, desde os 6 anos, vai estar ensurdecendo mais cedo. Hoje, as pessoas estão perdendo a audição a partir dos 40 anos. São adultos economicamente ativos e com perda de audição por causa do estilo de vida. A questão da perda de audição está muito relacionada à genética, ao estilo de vida e à poluição sonora. A questão do fone de ouvido entra no estilo de vida – explica Danielle.
Quanto mais cedo começam os cuidados, melhor. Mas a orientação vale para todas as idades.
– Durante a gestação é que nosso aparelho auditivo é formado. O recém-nascido tem o mesmo sistema auditivo com ele até ele envelhecer. Não é como a visão, que vai desenvolvendo. Nosso sistema auditivo já nasce pronto, então a intensidade que vai fazer mal para uma pessoa de 40 anos é a mesma que vai fazer mal para uma criança de 10 anos – destaca a médica, que atende na Otocape.
Neste momento de isolamento social por conta da pandemia de Covid-19, o uso de fone de ouvido tende a aumentar, devido às aulas online e esquemas de trabalho home office. Momento de redobrar os cuidados também. Além de manter o volume adequado, nunca durma de fone de ouvido. Uma maneira fácil de observar que o volume está fora do recomendado é quando uma pessoa consegue ouvir o som que sai do fone que está no ouvido de outra.
Foto em destaque: Imagem de Luisella Planeta Leoni por Pixabay
massa demais
é mesmo