Conciliar filhos e trabalho não é tarefa fácil. Desgasta, mas o esforço compensa. Confira aqui
“Minha mãe sempre trabalhou fora. Hoje, eu e meus irmãos temos nossos próprios filhos e nossos empregos também. Como ela, nós fazemos alguns malabarismos, mas não abrimos mão nem da carreira nem dos filhos. Essa é a realidade de muitas pessoas, que sempre dão um jeito de conciliar maternidade/paternidade e vida profissional”.
Pode ser passageira ou recorrente, mas não se pode ignorar que a culpa é um sentimento bem conhecido de quem deixa os filhos em casa para trabalhar. E o principal motivo é, claro, a falta de tempo para dedicar às crianças. O tempo, aliás, parece ser também inimigo de quem precisa se desdobrar para dar conta da carreira e da família. Mas muita gente concilia bem a ginástica do dia a dia, que costuma incluir creche ou escola, horário de babás, expediente no emprego, consultas médicas etc.
– Se eu disser que não sinto culpa, estarei mentindo, pois não pude ver quando começaram a sentar, engatinhar, andar – diz Catia Regina Lima Cavalheiro, de 36 anos, mãe de Karine, 19, Gabriel, 16 e Leonnardo, 11.
Para ela, trabalhar sempre foi uma necessidade, o meio de manter a família. Mas, afirma, não faria diferente mesmo se a condição financeira permitisse:
– O trabalho é necessário para o bem estar da mulher, independentemente da situação financeira do marido.
Quando Catia chega, às 8h, na clínica oncológica onde trabalha como assistente administrativo, ela já deixou Karine, que é especial, pronta para a escola. Durante o dia, usa redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas para falar com os meninos e, ainda arranja tempo para frequentar academia:
– E quando chego em casa, atenção total para eles. Enfim, é uma correria.
Nada muito diferente da rotina de Ana Paula Romano Buzetti, 31, gerente de Marketing e Comunicação Corporativa do Grupo Método. Ela também precisa administrar a agenda profissional com a atenção para Gabriel, 4 (na foto acima, brincando de trabalhar) . Mas não vê problema nisso, pelo contrário.
– Meu filho é o que me empenha no trabalho – diz Ana, reconhecendo, no entanto, a mudança na vida profissional depois da chegada do menino. – Foi extremamente difícil dividir trabalho e maternidade. Antes, eu ficava no escritório até altas horas. Após o nascimento do Gabriel tive que entregar a mesma quantidade de trabalho, porém, no menor tempo possível. É uma briga interna. Quando estou no trabalho, quero estar com o Gabriel; quando estou em casa, penso demais no trabalho.
E engana-se quem acha que não há homens nesse rol de malabaristas. Nuno Miranda, gestor de negócios do Azeite Andorinha para a América Latina, precisou inserir um intervalo no expediente home office para buscar a filha, Maria Teresa, de 1 ano e 2 meses na creche.
– Ao final da tarde tenho que ir buscá-la na escolinha e depois fico com ela para interagir. Depois que ela dorme, volto a trabalhar para compensar – diz Nuno, que percebeu mudanças positivas no comportamento profissional depois da paternidade. – Entendo mais o lado e a visão do consumidor que é pai/mãe, como os filhos são importantes e como isso condiciona a sua vida, o seu consumo, o que você pensa sobre a função e utilidade de algumas coisas. Aprendi também a dar outro valor a determinadas coisas e a relativizar e a priorizar de um modo diferente.