Alimentação inadequada, sedentarismo e fatores genéticos são as principais causas
Segundo dados da Organização Pan-Americana de Saúde, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM), houve um aumento alarmante de incidência de obesidade no Brasil nos últimos anos. No que diz respeito à prevalência da obesidade infanto-juvenil, o documento mostra que subiu 240% nas últimas duas décadas. É hora das famílias ficarem mais atentas. De acordo com a endocrinologista Giseli Iglesias, diversos fatores – como doenças hormonais ou uso de medicamentos – podem levar à obesidade infantil, mas os mais comuns são a má alimentação, o sedentarismo e fatores genéticos.
A médica explica que o cálculo do sobrepeso é feito pelo Índice de Massa Corporal (IMC). Contudo, em crianças, as faixas de resultados variam de acordo com a idade e o sexo, e tratam-se de valores aproximados.
– Essa informação, no entanto, não substitui uma avaliação médica. Apenas o médico poderá avaliar os fatores de risco de cada criança, assim como fazer o diagnóstico clínico, como a quantidade de massa muscular, e solicitar exames laboratoriais necessários – orienta Giseli.
A endocrinologista lembra que a obesidade pode causar doenças como diabetes, hipertensão, colesterol alto e até alguns tipos de câncer. Mas talvez o que de início seja tão prejudicial para o indivíduo quanto qualquer outro problema, é a baixa autoestima, que pode levar à depressão.
A prevenção é o melhor remédio. No entanto, é um trabalho que envolve toda a família.
– Não é tarefa fácil dizer à criança que ela deverá reduzir a ingestão de frituras, biscoitos e refrigerantes. A melhor solução para isso é que todos em casa entrem nesse novo contexto – garante a especialista.
Mostrar ao filho como seu prato é colorido, como frutas, verduras e legumes também estão nos pratos dos irmãos e dos pais; introduzir aos poucos novos alimentos, diminuir o sal, o açúcar e os industrializados, são boas táticas. A médica sugere também levar o lúdico para os pratos, utilizando cortadores de legumes em forma de bichinhos, fazendo desenhos com a comida, ou pedindo ajuda do pequeno na cozinha… tudo é válido para que a criança passe a se alimentar de forma mais saudável.
– Prefira sucos naturais, evite biscoitos recheados, troque o açúcar por melado, as farinhas brancas por integrais e leve as crianças para a cozinha para que elas preparem algo que vão comer. Elas costumam adorar!
E, além da alimentação, a família tem que estar atenta em tornar o filho mais ativo e tirá-lo com mais frequência da frente do computador.
– A família deve criar passeios divertidos nos fins de semana, com atividades como pedalada, praia e piscina, que ajudarão à criança a se movimentar mais. E se possível, estimular uma aula extracurricular que envolva esporte durante a semana – orienta.
A obesidade infantil tem tratamento e a cura pode ser completa quando diagnosticada precocemente, e principalmente quando toda a família abraça a causa, afinal, o modelo de vida dos pais vale muito mais do que mil palavras, afirma a médica.
– Um ponto muito delicado é a abordagem com a criança. É importante que ela esteja consciente de seu tratamento, mas podemos poupá-las da palavra dieta. Evite as críticas, aproveite para construir a autoestima dela, e seja sensível nessa fase tão difícil e angustiante para toda a família.