Exames identificam malformações no coração e tratamentos começam na vida intrauterina
O acompanhamento pré-natal adequado pode mostrar alguma malformação no coraçãozinho do neném dentro da barriga da mamãe. E o diagnóstico de cardiopatias ainda na vida intrauterina aumentam muito as chances de tratamentos com bons resultados.
– Os defeitos cardíacos nos fetos podem ser detectado nas ultrassonografias, especialmente na morfológica, e confirmados na ecocardiografia fetal. Existem alguns tratamentos que podem ser realizados com o bebê ainda na barriga, como medicações anti-arrítmicas e intervenções cirúrgicas como valvuloplastias. Eles normalmente são tratamentos temporários, sendo os tratamentos definitivos realizados após o nascimento em centros com estrutura para dar a esses bebês a melhor assistência possível – diz Mabel Iglesias, ginecologista e obstetra da Perinatal.
A ultrassonografia morfológica faz parte dos exames de pré-natal, sendo realizada pelo SUS. Se a gestante tem problemas cardíacos, o ideal é que seja realizada também a ecocardiografia fetal.
– A ecocardiografia fetal não é um exame obrigatório, porém recomendável devido ao grande número de casos de malformações cardíacas que não são diagnosticados. No SUS, o exame ultrassonográfico morfológico pré-natal é proposto rotineiramente como teste de triagem fetal para as pacientes de baixo risco. As suspeitas de anomalias cardíacas a ultrassonografia deverão ser detalhadamente avaliadas através do ecocardiograma fetal, ademais de ter recomendação tal exame nas pacientes de alto risco para malformação cardíaca, como em pacientes diabéticas, ou com história familiar de malformações cardíacas, suspeitas de síndromes genéticas, entre outras – explica Mabel Iglesias.
Há também a cardiotocografia, exame que também não é obrigatório, porém necessário em casos mais graves.
– A cardiotocografia é uma exame para avaliar a vitalidade fetal que inclui o registro da frequência cardíaca fetal e das contrações uterinas. Deve ser realizada quando é identificado um maior risco de morte fetal intrauterina como, por exemplo, em gestantes diabéticas, hipertensas, portadoras de lúpus, gestações gemelares, presença de polidramnia (excesso de líquido amniótico) ou oligodramnia (líquido amniótico insuficiente), pós datismo (gestação com mais de 42 semanas), entre outras – afirma Renata Latini, também ginecologista e obstetra da Perinatal.
A ecocardiografia é um exame ultrassonográfico que deve ser realizado em torno da 18ª a 22ª semana de gestação, e tem como finalidade rastrear malformações cardíacas congênitas. Já a cardiotocografia serve para avaliar a vitalidade fetal e não a morfologia do coração. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a incidência de cardiopatias congênitas no Brasil é em torno de 1% das gestações.
– As notificações apontam uma incidência de 0,06% , muito abaixo do número real de casos. Essa diferença, provavelmente, é devido à falta de diagnóstico intrauterino e à subnotificação – avalia Renata Latini.
Leia também Cirurgia cardíaca em bebês