Clima mais frio e seco aumenta doenças respiratórias
O outono chegou e, com ele, a preocupação de muitos pais já acostumados com as bronquites, bronquiolites e outros problemas respiratórios dos filhos. E não é para menos. A queda da temperatura e a baixa umidade do ar, típicas desta estação, influenciam no aumento das doenças respiratórias.
– O outono caracteriza-se pelo início de um clima mais frio e seco, contribuindo também para o aumento da aglomeração de pessoas em espaços com pouca ventilação. Com isso, cria-se um ambiente mais favorável ao aparecimento de doenças infecciosas tais como resfriados, gripes, laringites, bronquites, bronquiolites e pneumonia. Além disso, o clima mais seco somado à poluição cotidiana pode ocasionar maior sensibilidade nas mucosas – explica Fabiana Caputo, pediatra e especialista em alergia e imunologia, da equipe da Clínica AlergoLife.
Em muitos casos, é difícil evitar a ida a hospitais. Segundo Carla Dall Olio, coordenadora da emergência pediátrica do Hospital Barra D’Or, os atendimentos por conta de alergias respiratórias e doenças transmitidas pelo ar aumentam nesta época do ano.
– Durante o outono, a emergência pediátrica do Hospital Barra D’Or apresenta um aumento de, aproximadamente, 30% no atendimento a bebês e crianças com alergias respiratórias, como renite e asma, viroses respiratórias e bronquiolite. O vírus influenza causa o resfriado comum e em raros casos pode evoluir, em bebês menores de seis meses, para uma pneumonia viral. O sistema imunológico imaturo e a ausência de algumas vacinas deixam os pequenos mais vulneráveis – diz Carla, lembrando que a amamentação é uma importante forma de proteção para os bebês.
Para as crianças que têm alergias respiratórias, alguns cuidados são muito importantes e podem evitar crises fortes.
– Sabe-se que as alergias têm causas multifatoriais, ou seja, dependem da interação entre fatores genéticos e ambientais. Por isso, nesta época do ano é importante ter alguns cuidados especiais tanto com as crianças que já possuem o histórico de uma alergia respiratória como aquelas que somente possuem histórico familiar. Alguns dos cuidados mais comuns e frequentes incluem usar capas impermeáveis em colchões e travesseiros; utilizar pano úmido e aspiradores de pó; manter os ambientes ventilados; evitar tapetes, carpetes e cortinas, evitar objetos que acumulam poeiras tais como bichos de pelúcia, caixas, malas e estantes de livros; evitar o uso de vassouras ou espanadores de pó; evitar travesseiros de penas, cobertores de lã e edredons de plumas; aumentar a frequência da lavagem das mãos; evitar compartilhar objetos de uso pessoal; e aumentar a lavagem das narinas com solução salina – explica Fabiana Caputo.
E quem já passou muito susto, noites sem dormir e até alguns dias no hospital acompanhando os filhos, sabe bem o quanto é importante não descuidar durante o outono. A enfermeira Elizandra Gonçalves Souza, mãe de Carlos, 8 anos, redobra a atenção com o filho nesta época.
– A chegada do outono, e depois o inverno, é sempre preocupante, pois o clima favorece todo o processo da doença respiratória. O Carlos teve muitos episódios de bronquite alérgica, rebote alérgico e amígdalas fibrosadas. Como foi desde bebê, tentei de tudo, de homeopatia a tratamentos com alergista, medicamentos etc. Mas o que ajudou muito no caso dele foi a retirada das amígdalas e da adenoide. Importante também foi a natação, que ajudou muito a respiração – conta Elizandra, que costuma tomar várias precauções para evitar as crises, como dar a vacina da gripe, não abusar em locais frios, dar alimentos ricos em vitamina C, e, quando necessário, usar medicação para a rinite, que, no caso dele, chega antes das crises de bronquite.
Também é a bronquite da filha Anna Laura, 2 anos, que deixa a advogada e empresária Marilin Gonçalves preocupada quando chega o outono.
– Ela toma vacina todo ano a partir de meados de março até a primavera, e também faço uso de medicamento broncodilatador – conta.
Segundo a pediatra Fabiana Caputo, ter a alergia respiratória controlada significa qualidade de vida. Para isso, além dos cuidados já citados por ela, é importante procurar orientação médica.
– Primeiro de tudo, é necessário realizar um acompanhamento com um médico especialista que irá trabalhar na identificação das possíveis causas que estão relacionadas ao surgimento dos sintomas. Feito isso, o médico irá definir o melhor tratamento individualizado, que pode incluir controle ambiental, medicações e imunizações (exemplo: Vacinas da gripe). Em pacientes alérgicos pode também ser indicado a imunoterapia alérgeno específica – orienta.
Outras medidas que podem minimizar os problemas respiratórios nas crianças, segundo Carla Dall Olio, é evitar lugares fechados e muito cheios, contato com pessoas resfriadas ou com infecções de vias aéreas, oferecer muito líquido, fazer inalações com soro fisiológico e colocar uma vasilha com água no quarto da criança.É importante ainda esterilizar os aparelhos de nebulização antes de utilizá-los. Lavar casacos e cobertores antes do uso, pois ficam guardados por muito tempo, assim como lavar roupas de cama com frequência e deixar os travesseiros expostos à luz solar também ajudam no combate aos ácaros.