A cada fase do desenvolvimento os bebês experimentam novas descobertas, e a transição alimentar do leite materno para as papinhas nem sempre parece muito saborosa para eles. É comum a recusa inicial aos alimentos e alguns bebês chegam a resistir mais à mudança, o que não quer dizer que não vão se adaptar.
– As crianças precisam receber o mesmo alimento cerca de 10 a 15 vezes para aceitarem. A rejeição inicial não deve ser interpretada como uma reação negativa da criança, como se ela não gostasse do alimento. Ou seja, os pais devem ter paciência e persistência, mas nunca deve-se forçar a ingestão de um alimento. Deixar a criança ter contato, “brincar” com o alimento também ajuda na aceitação – explica Monica Lisboa Chang Wayhs, membro do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Transição alimentar – Oferecer várias vezes o mesmo alimento, mas não forçar o bebê a comer
É com paciência e persistência que Julia Oliveira dos Santos tem conseguido superar a resistência da filha, Antonella, de 6 meses. Por orientação da pediatra, ela começou a introduzir frutas e almoço na dieta da menina, mas ficou preocupada com a reação da filha.
– Comecei dando fruta pela manhã. Ela não aceitava de jeito nenhum, chorava muito. Pensei que fosse aceitar melhor a papinha salgada, mas também chorou demais, não comia nada. Fiquei preocupada porque achava que, se com seis meses começa a introdução alimentar, ela não poderia mais ficar apenas no leite do peito. Comentei com a pediatra e ela me disse que algumas crianças são assim, e eu só não deveria deixar de tentar. Todo dia eu tentava. Quando ela ameaçava chorar, eu parava, pois a pediatra também me falou que não poderia ser um momento de estresse para ela e que eu deveria parar de insistir antes que ela chorasse. E assim foi. Todos os dias eu tentava, até que ela começou a abrir a boquinha – conta Julia.
Transição alimentar – Recusa total e outros sintomas devem ser observados por pediatra
Geralmente, é assim que a transição alimentar acontece. Trata-se de uma novidade para o bebezinho tão acostumado (e muito bem alimentado) só com leite materno. Mas é muito importante que tudo seja acompanhado de perto pelo pediatra. Segundo Monica Wayhs, se o bebê chora demais, o mais indicado é que o pediatra faça uma avaliação para descartar alguma doença que possa estar causando o choro e a recusa alimentar.
– Os pais devem se preocupar quando a recusa é acompanhada de outros sinais e sintomas, como o emagrecimento ou ganho de peso insuficiente para a idade, irritabilidade, recusa alimentar total, alterações do desenvolvimento neuropsicomotor, aversão alimentar, sinais de dificuldade para deglutir, sintomas gastrintestinais como vômitos, diarreia ou constipação, desconforto respiratório. Em resumo, se a criança apresentar algum sintoma de doença orgânica ou do desenvolvimento. A consulta com o pediatra sempre será esclarecedora e tranquilizadora – orienta.