Quando o assunto é educação, não existe um modelo perfeito para seguir
Muitos pais estão cansados de ouvir o que devem e não devem fazer para educar bem os filhos. Outros pais, no entanto, procuram ajuda para lidar com certas situações. Afinal, o que é uma boa educação? E por que algumas pessoas acreditam ter essa resposta, dizendo o que é certo e errado sobre a forma de outras famílias cuidarem de suas respectivas crianças?
Independentemente da linha que se adote para a educação, de dar ouvidos a conselhos ou não, quase todos concordam que são os exemplos que as crianças têm em casa e o amor que recebem de seus cuidadores que se refletem na educação delas.
– Os pais exercem, sim, uma grande influência na educação dos filhos. Essa influência tem que ser muito positiva. As crianças veem os pais a partir de dois princípios fundamentais: da fala e do exemplo. A criança percebe e sente a coerência entre o que eles falam e o que fazem e, assim, elas aprendem a confiar neles – explica o psicanalista Rodrigo Buoro.
Acostumado a atender pais e filhos com alguma crise existencial, o psicanalista acredita que o ato de educar é um desafio.
– Educar é um desafio diário para todos os pais, sem exceção. Não há receitas para educar as crianças, mas é importante que os pais sejam coerentes quando dizem sim e não, sabendo os limites do que podem e não podem fazer – diz Buoro
Para o psicanalista, a autoridade, o cuidado e a liberdade são a base essencial para a educação nos primeiros anos da vida.
– Embora possam parecer contraditórios conceitos não são: eles complementam um ao outro e precisam uns dos outros. A criança deve se sentir amada e respeitada como uma pessoa que não pertence a seus pais e que deve seguir seu próprio projeto de vida. Autoridade não aparece como um direito dos pais sobre as crianças, mas como uma condição necessária para seu bom desenvolvimento. Autoridade é útil na medida em que dá à criança estabilidade e segurança para atender às suas necessidades biológicas e ajuda a organizar sua vida prática. Ela também dá a imagem de pais firmes e fortes, isto é, modelos que motivam as crianças mais do que ter pais claramente fracos. Se os adultos não estabelecem limites e não negam às crianças alguns caprichos, eles não aprenderão a lidar com a adversidade ao longo do caminho, e isso se torna um problema lá no futuro – avalia.
Não existe receita, mas Buoro deixa algumas dicas para quem busca melhorar os relacionamentos com os filhos:
– Dar afeto não significa comprar um brinquedo novo, mas prestar atenção;
– Não esqueça que é sempre hora de estabelecer limites;
– Educar é não permitir tudo;
– Proibições e linhas de conduta são necessárias para o desenvolvimento da criança;
– Não se culpe por trabalhar, não dê presente para superar a culpa;
– Assista jornal na televisão de preferências quando o filho estiver dormindo. Antes, dê atenção a ele.
-TV pode ser positiva na educação de crianças;
– Aprenda com seu filho;
– Fale sempre com as crianças e mostre as regras da casa.
(Foto no destaque de Vera Kratochvil)