Sociedade Brasileira de Dermatologia orienta sobre uso e eficácia de repelentes
Se a preocupação com a dengue já era grande, as notícias sobre o zyka vírus deixaram as pessoas ainda mais assustadas. O cuidado com as crianças se intensificou e os casos de microcefalia em bebês cujas mães tiveram zika também assustam as gestantes. E apesar de o Aedes aegypti ser o grande vilão, nenhum mosquito é bem-vindo, né? Algumas crianças também apresentam alergia a picadas de insetos. O jeito é se proteger com repelentes. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), os produtos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não prejudicam a pele desde que usados corretamente.
Médica dermatologista e assessora da SBD, Carolina Marçon dá algumas orientações sobre o uso de repelentes em crianças:
– A aplicação deve ser feita de forma homogênea somente nas áreas expostas, não aplicar sob roupas ou nas mãos das crianças, as mãos devem ser lavadas após a aplicação. Evite o uso próximo a mucosas (boca, nariz, olhos, genitais) ou em pele irritada ou ferida. Para uso na face, primeiro aplique o produto nas mãos e então espalhe no rosto com cuidado. Use quantidade suficiente para recobrir a pele exposta e evite reaplicações frequentes. Os repelentes, de forma geral, não devem ser aplicados mais do que três vezes ao dia. Nunca dormir com o repelente, sempre lavar a área na qual foi feita a aplicação antes de dormir.
Não aplicar repelente mais de três vezes ao dia é uma recomendação importante da SBD, pois o uso do produto em excesso pode causar intoxicação. Alguns cuidados com o ambiente podem ajudar a afastar os mosquitos sem agredir pele. Dermatologista da Unidade de Cosmiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Lilia Guadanhim lista algumas medidas auxiliares.
– Manter os ambientes refrigerados com ar-condicionado (a cada 10º a mais na temperatura ambiente a duração da proteção do repelente cai em até 50%). Aparelhos de tomada são mais indicados para ambientes pequenos (10 a 20 m²), quando ligados com uma hora de antecedência. Repelentes de ambiente com óleos essenciais podem ser usados, assim como velas de citronela. No entanto, por não haver comprovação científica de sua eficácia, são métodos considerados auxiliares e não devem ser usados isoladamente, especialmente em gestantes. Mosquiteiros simples ou com aplicação de inseticidas são indicados na proteção noturna de adultos e crianças e na proteção diurna de bebês. Incensos e velas naturais só têm ação quando aplicados por horas contínuas e iniciados bem antes da exposição da pessoa ao ambiente. Velas e incensos de citronela não têm efeito repelente suficiente para que haja recomendação de seu uso isolado. O uso da vela de andiroba por tempo prolongado (48 horas contínuas) em áreas pequenas (até 27m²) pode ser eficaz.
Segundo Lilia, é importante ter cuidado também com os repelentes naturais, pois nem sempre são tão eficazes.
– Citronela e andiroba não têm contraindicações (exceto irritações na pele), mas não possuem eficácia comprovada. O óleo de eucalipto-limão (Eucalyptus citriodora) em concentração de 30% é comparável ao DEET 20% e confere protecão de até 5 horas, sendo o mais recomendado dos óleos naturais. O óleo de eucalipto é considerado a segunda opção de repelente natural. Devido à epidemia de zika virus e sua ligação com casos de microcefalia, os repelentes naturais não são indicados de forma isolada em gestantes – explica a dermatologista, lembrando que os repelentes naturais exigem reaplicação mais frequente (a cada hora), podem ser fotossensibilizantes (deixando a pele mais sensível ao sol), podem causar alergias e dermatites irritativas, e não foram testados em crianças.
Confira os tipos de repelentes ideais para cada faixa etária e a forma de aplicação, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Crianças entre 6 meses a 2 anos – Repelentes que contenham na sua fórmula a substância I R3535 – duração de até 4 horas, aplicar uma vez ao dia.
Crianças entre 2 a 7 anos – Repelentes que contenham na sua fórmula uma das seguintes substâncias: IR3535 – duração de até 4 horas, aplicar até duas vezes ao dia; Icaridina 20- 25% – duração de 10 horas, aplicar até duas vezes ao dia; e DEET infantil 6-9% – duração de 4 a 6 horas, aplicar até du as vezes ao dia.
Crianças a partir de 7 anos de idade – Repelentes que contenham na sua fórmula uma das seguintes substâncias: Icaridina 20- 25% – duração de 10 horas, aplicar até três vezes ao dia; DEET infantil 6-9% – duração de 4-6 horas, aplicar até três vezes ao dia; e IR3535 – duração de até 4 horas, aplicar até três vezes ao dia
Adultos e gestantes – Repelentes que contenham na sua fórmula uma das seguintes substâncias: Icaridina 20 – 25% – duração de 10 horas, aplicar até três vezes ao dia; DEET 10-15% – duração de 6-8 horas, aplicar até três vezes ao dia; IR3535 – duração de até 4 horas, aplicar até três vezes ao dia.
Estudos científicos mostram que a icaridina 20-25% fornece maior proteção contra o Aedes aegypti do que o DEET 6-9%.
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