Considerada gestação de risco, deve ser acompanhada por obstetra experiente
Nem dá para calcular o susto que os pais levam quando descobrem na ultrassonografia que vão ter gêmeos (ou trigêmeos!!). Não só a felicidade é multiplicada, mas também as preocupações financeiras – impossível não pensar no número de fraldas! – e de saúde. De acordo com o obstetra Antonio Paulo Stockler, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), gravidez múltipla é considerada de risco e por isso deve ser acompanhada desde o início por um médico experiente.
Além dos sintomas da gravidez como náuseas, vômitos, inchaço e sonolência, ficarem exacerbados, há um maior risco de problemas de saúde para a mãe e o bebê.
– Existe maior possibilidade de desenvolvimento de diabetes, hipertensão, abortamento, parto prematuro, baixo peso dos bebês, má formação fetal e descolamento placentário – explica o especialista.
Em 2/3 das gestações gemelares, os gêmeos são bivitelinos, ou seja, não são idênticos; em 1/3 dos casos, são univitelinos, portanto idênticos. Os não idênticos são formados pela fecundação de dois óvulos por dois espermatozóides. Já os univitelinos ou idênticos formam-se quando um único óvulo, fecundado por um só espermatozóide, sofre posteriormente uma divisão. Mas o mais importante, segundo o obstetra, é avaliar se trata-se de uma gestação com apenas uma placenta (monocoriônica) ou duas (dicoriônica) e garantir que a gestante receba suplementos vitamínicos adequados, especialmente ácido fólico, o mais precocemente possível. Quando são duas placentas, uma para cada feto, a gestação é menos complicada. A situação se agrava quando há apenas uma placenta para os dois fetos.
É muito comum o parto prematuro na gestação gemelar, seja ele espontâneo, por ruptura das membranas, trabalho de parto prematuro ou sangramento, ou indicado pelo médico. Entretanto, de acordo com o Dr. Stockler, se a gestante não tiver complicações e tolerar bem a evolução da gravidez, poderá levá-la até o fim. Já o tipo de parto fica mais restrito.
– O parto vaginal pode ser tentado, mas apenas em pequeno número de pacientes. Grávidas com mais de dois fetos devem ser submetidas à cesariana, assim como aquelas com apenas uma bolsa amniótica, com grande diferença de peso entre os fetos e aquelas em que o primeiro feto não esteja cefálico, ou seja, com a cabeça para baixo – esclarece.
O médico orienta ainda que o parto de gêmeos deve ser realizado em instituições hospitalares com suporte intensivo e equipe pediátrica capacitada pois é muito comum o nascimento prematuro e, por isso, os fetos gemelares apresentam maior risco de mortalidade, desconforto respiratório e infecções.