Família

Síndrome do ninho vazio

Mais atual do que se imagina, problema afeta principalmente as mulheres

A Síndrome do Ninho Vazio parece coisa do passado, mas é mais atual do que se imagina. Aquela situação em que os filhos crescem e saem de casa e os pais se deparam com um vazio físico e emocional ainda existe, apesar de toda a pregação de independência.

De acordo com a psicoterapeuta Maura de Albanesi, atualmente, respeitadas as devidas proporções de acesso à informação, modernidade e pessoas mais preparadas para a tarefa de ser pai e mãe, a saída dos filhos é encarada com mais naturalidade. Mas não totalmente.

“A Síndrome do Ninho Vazio ainda nos acompanha, principalmente se o casamento não foi cultivado adequadamente durante toda a vida, ou se há viuvez ou separação, principalmente em mulheres. Se elas estiverem na menopausa, pior ainda”.

Há, claro, os pais bem-resolvidos, aqueles que preferem, a partir disso, aproveitar mais a vida, namorar e viajar, por exemplo, diante de mais tempo livre à disposição. Mas, ainda assim, depois de curtir muito, alguns podem começar a querer controlar a vida dos filhos e netos, para preencher o vazio que se instala novamente.

Segundo a terapeuta, o preparo para esse momento é um processo que deve ser iniciado desde cedo, em pequenas etapas. Durante a infância dos filhos, os pais ficam extremamente absorvidos no cuidado e tarefas conforme a demanda dos pequenos. Muitas vezes as tarefas dos filhos se tornam as suas próprias tarefas. É importante delimitar este espaço e a cada fase dar a autonomia correspondente aos filhos.

– O espaço que, na medida do crescimento dos filhos, vai “sobrando” na vida dos pais, deve ser preenchido com atividades que os abasteçam no futuro – explica.

Segundo Maura, ser mãe é se tornar, com o tempo, dispensável, mas na prática, ocorre o contrário.

– Deixar os filhos partirem sem dor é uma arte que poucos dominam. É preciso usar o clichê “criar os filhos para o mundo” – e isso não quer dizer  o  mundo da família em que eles estão inseridos – e deixá-los partir sem sofrimento e com seus próprios padrões de conduta.

Para a terapeuta, é possível começar essa preparação já a partir dos 3 anos, deixando que a criança fique na casa dos avós ou tios uma noite ou fim de semana. E isso vai se ampliando, deixando o pequeno passar a tarde na casa de um amiguinho ou participar da noite do pijama ou de um passeio em outra cidade organizado pela escola.

– Tudo que o filho possa fazer sem a presença dos pais é muito válido, desde que estes passem confiança e segurança. Pais muito medrosos vão passar isso para os filhos, que poderão se tornar inseguros e dependentes.É importante que os pais percebam quando os filhos já estão prontos para outros passos.

Mas é bom lembrar também que a síndrome não dura para sempre.

– Para algumas mulheres, é fácil libertar os filhos quando eles agem com o controle dos pais. Difícil mesmo é deixar que eles vivam as próprias vidas, com apoio, mas sem controle, com afeto, mas sem imposição, com segurança, mas sem dependência.

Para amenizar a solidão, a terapeuta orienta que os pais procurem aproveitar melhor o tempo livre com atividades diversas e tentem descobrir novos talentos e prazeres.

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