Estudo mostra que filtro solar não impede síntese cutânea de vitamina D
Você já deve ter ouvido falar da importância da exposição ao sol para a síntese de vitamina D no organismo. Assim como deve saber da importância de proteger a pele do sol. Mas um estudo promovido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, durante o II Simpósio Nacional de Cabelos e Unhas (em agosto de 2017, no Rio de Janeiro), mostrou que o uso de fotoprotetor não afeta a capacidade de síntese cutânea de vitamina D.
O estudo foi Coordenado pelos dermatologistas Flávio Luz, Clívia Carneiro, Hélio Miot e Sandra Durães, e contou com o apoio da equipe do laboratório de análises clínicas da Universidade Federal Fluminense (UFF). Noventa e cinco voluntários foram divididos em três grupos: um foi confinado da exposição solar por 24h; os outros dois expostos a doses baixas de sol (10 a 15 minutos que não chegam deixar a pele avermelhada), sendo um com fotoprotetor tópico (FPS 30) e o outro sem a proteção. Os seus níveis de vitamina D no sangue foram medidos na manhã antes da exposição solar e também na manhã seguinte, permitindo o cálculo da variação desses níveis, no intervalo de 24h. A variação dos níveis plasmáticos de vitamina D foi maior para o grupo exposto com filtro solar do que para o grupo confinado, mas não houve diferença substancial entre os grupos com e sem filtro solar.
– A síntese da vitamina D é obtida pela exposição aos raios ultravioleta B, que estão presentes no período de 10h às 16h, horário que produz dano ionizante ao DNA, predispondo ao câncer de pele. A prevenção a esse tipo de câncer pode ser feita com o uso do filtro solar. Nossa pesquisa concluiu que a exposição solar suberitematosa com filtro solar permite a síntese de vitamina D comparável à obtida sem a fotoproteção, em adultos saudáveis. Portanto, para a síntese de vitamina D devemos recomendar a exposição ao sol com filtro solar, pois assim, teremos o efeito benéfico para a obtenção da vitamina, diminuindo o risco de câncer de pele – explica a dermatologista Clívia Carneiro.
A vitamina D também tem papel relevante durante a gestação, tanto para a mulher quanto para o bebê.
– A dosagem da vitamina D durante a gestação é de suma importância, uma vez que a sua deficiência na gravidez pode levar a muitas desordens. Para a gestante, está relacionada com um possível risco aumentado de diabetes gestacional, pré eclampsia e parto pré-maturo. Para o recém-nascido, aumenta o risco de asma, baixo peso, autismo e outras doenças neurológicas. Nos casos de deficiência dessa vitamina é recomendada a sua reposição, sempre com acompanhamento médico. A prevenção, o precoce diagnóstico e o tratamento da deficiência da vitamina D durante a gravidez têm grande relevância para minimizar os riscos de efeitos adversos materno- fetais – esclarece a dermatologista.
Importante também continua sendo o banho de sol para recém-nascidos. Isso ativa a vitamina D, imprescindível no desenvolvimento dos ossos e para eliminar o excesso de bilirrubina no sangue, evitando a icterícia. Nesse caso, siga a recomendação do pediatra, sobretudo em relação ao horário e tempo de exposição. Os cuidados são redobrados para bebês, mas não devem ser esquecidos em nenhuma fase da vida.
– O nosso astro rei é vital e recomendado em todas as idades, pois é capaz de nos gerar inúmeros benefícios, uma vez que libera endorfinas para nos dar a sensação de bem estar, regula nosso relógio biológico, auxilia na síntese de vitamina D, tem função anti- inflamatória, dentre outros. No entanto, em demasia, pode provocar danos como queimaduras, alergias, fotoenvelhecimento e até câncer de pele. Portanto precisamos ter uma exposição solar de maneira inteligente. Para isso, fazemos algumas recomendações. A proteção solar não consiste somente no uso do filtro solar adequado, mas também em vários medidas que, em conjunto, fazem uma proteção solar efetiva. São elas: horário (devemos evitar exposição entre 10h e 16h), vestuário (uso de chapéus com abas, roupas com cores mais escuras), óculos de sol (com proteção UV para evitar danos oculares) e sombra (ficar em baixo de barracas, guarda- sol…). Não devemos esquecer que o filtro solar só pode ser usado por crianças acima de 6 meses de vida. – ressalta Clívia.
Como a cor da pele influencia diretamente no processo de absorção e síntese da Vitamina D, pessoas morenas e negras precisam de mais tempo de exposição ao sol. Mesmo assim, não devem se descuidar em relação a essa exposição.
– O aumento da pigmentação da pele reduz a capacidade cutânea para a síntese da vitamina D. Assim, os pacientes com pele mais clara são os mais eficientes sintetizadores de vitamina D, portanto precisam de menos tempo de exposição solar para a sua obtenção. Por outra lado, os de pele mais escura tem menor capacidade para obter a síntese e precisam de mais tempo expostos ao sol – explica a médica.
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