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Por que os bebês golfam?

Gastropediatra explica razões do refluxo tão comum em bebês

Quem tem um bebê sabe que é preciso ter sempre à mão um lencinho para limpar as golfadas. Há quem fique preocupado, mas elas são muito comuns em nenéns e, na maioria das vezes, desaparecem após o primeiro ano de vida. Mas por que os bebês golfam?

– O refluxo gastroesofágico acontece quando o conteúdo do estômago volta para o esôfago e, muitas vezes, pode resultar na golfada que é quando esse conteúdo sai pela boca. Essa situação é muito comum nos bebês, principalmente os mais jovens. Isso acontece porque os mecanismos de defesa do organismo em relação ao refluxo nos bebês ainda estão em amadurecimento, ou seja, ainda não funcionam da maneira ideal. Além disso, há alguns fatores que são próprios dessa faixa etária, como dieta líquida – e, às vezes, em volume maior que o necessário -, e posição horizontal a maior parte do tempo. Até o primeiro ano de vida, o bebê segue amadurecendo os mecanismos que o protegem do refluxo gastroesofágico, além de sofrer mudanças nos hábitos de vida próprios da idade, como redução da ingestão de líquidos, habilidade para sentar e caminhar. Assim, até o final do primeiro ano, a maioria deles não terá mais as golfadas frequentes – explica Fernanda Paiva, especialista em Gastroenterologia pediátrica.

Como diminuir a frequência das golfadas do bebê

O amadurecimento desses mecanismos acontecem gradativamente de acordo com o desenvolvimento do bebê, mas, segundo a gastropediatra, a frequência das golfadas podem ser reduzidas com alguns cuidados simples no dia a dia. Não deitar o bebê logo após ele se alimentar, por exemplo, é muito importante.

– Recomenda-se evitar mamadas ou refeições volumosas, sendo preferível ingerir menores volumes mais frequentemente ao longo do dia; evitar deitar o bebê logo após as refeições – por isso muitos pais e avós têm o hábito de ninar o bebê em posição ereta por 20 a 30 minutos após as mamadas –  e evitar roupas e fraldas que apertem a barriga. Muito importante é deixar claro que na hora de dormir a posição recomendada para menores de um ano é de barriga para cima sempre. Na década de 80-90, a recomendação era colocar o bebê para dormir de barriga para baixo, já que essa é a melhor posição para diminuir o refluxo nessa faixa etária. No entanto, ao longo dos anos diversos trabalhos mostraram que bebês menores de um ano que dormem de barriga para baixo têm maior chance de sofrerem a Síndrome da Morte Súbita do Lactente – orienta a médica.

A diferença entre refluxo fisiológico e doença do refluxo gastroesofágico

Na maioria dos casos, o refluxo não impede que os bebês cresçam, ganhem peso e se desenvolvam normalmente. As golfadas diminuem com o tempo, e não há motivos para preocupação. Alterações nesse desenvolvimento, no entanto, merecem maiores cuidados.

– Há alguns casos de bebês com refluxo que nos preocupam mais. Pais e pediatras devem estar atentos aos bebês que golfam e parecem não ir bem,  com dificuldade de crescimento e ganho de peso ou vômitos de coloração esverdeada ou com sangue, por exemplo. Nestes bebês, podemos estar diante de problemas mais sérios que necessitam de avaliação de um gastroenterologista pediátrico. É muito importante conhecer que existe o refluxo gastroesofágico fisiológico, que melhora conforme o bebê amadurece, e a doença do refluxo gastroesofágico, que é menos comum que o refluxo gastroesofágico fisiológico. A doença do refluxo está presente no bebê que apresenta golfadas e não vai bem – explica Fernanda.

Segundo a gastroenterologista, o tratamento mais adequado para a doença do refluxo será definido após avaliação médica criteriosa. Há casos que necessitam de medicamento ou cirurgia.

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