Depressão na gravidez: doença afeta 20% das gestantes no Brasil
A depressão pós-parto é uma condição que merece muitos cuidados, mas, mesmo antes de darem à luz, muitas gestantes precisam de um acompanhamento especial por conta da depressão. A doença, considerada um dos principais males deste século, também afeta mulheres grávidas. No Brasil, cerca de 20% das gestantes sofrem de depressão.
– Estudos recentes estimam que a depressão na gestação é um transtorno muito relevante em termos de saúde pública mundial, podendo inclusive ser tão ou mesmo mais frequente do que a depressão pós-parto, que é muito mais falada. Por isso, alguns estudiosos estão preferindo chamar a depressão pós-parto de depressão perinatal. Aqui no Brasil, cerca de 20% das grávidas têm depressão. Essa prevalência parece ser maior no terceiro trimestre da gravidez e tende a aumentar nas gravidezes de risco – explica a psicóloga Helena Aguiar, da Perinatal.
Contexto de pandemia pode contribuir para depressão na gravidez
Histórico de depressão, dificuldades financeiras, eventos estressantes, desemprego, falta de suporte social, dependência de substâncias tóxicas e violência doméstica são alguns fatores de risco que podem desencadear quadros de depressão. O contexto da pandemia, é claro, é mais uma questão a ser considerada.
– O isolamento social e questões relacionadas à pandemia podem ser vistas por algumas gestantes como um evento altamente estressante. Medo de pegar covid, preocupações financeiras, perdas de pessoas queridas. As restrições da pandemia reforçam o sedentarismo, a diminuição da troca de afetos, que também podem afetar a gestante e favorecer um quadro depressivo – avalia Helena.
Independentemente da causa, é importante que a gestante e pessoas próximas a ela saibam que depressão precisa ser reconhecida e tratada. Nem sempre é possível evitar a depressão, mas existem várias formas de reduzir as chances de se ter a doença.
– Atualmente temos ouvido cada vez mais falar em pré-natal psicológico. A ideia é realmente fazer um preparo psicológico para passar por essa fase intensa da melhor forma possível, diminuindo as chances de ter depressão. Mas é importante falarmos que a depressão nem sempre poderá ser evitada. Algumas pessoas, mesmo com acompanhamento e tratamento cuidadoso, ainda assim poderão desenvolvê-la. Ao falarmos de prevenção temos que enfatizar os fatores de proteção, que quando presentes podem contribuir para uma melhor resposta frente a eventos de risco para uma depressão – diz a psicóloga.
Segundo ela, além da assistência psicológica, a presença de uma rede de apoio e suporte social (especialmente a boa relação com o pai da criança) são fatores que ajudam na proteção emocional da gestante. Fatores que incluem ainda alimentação saudável, sono adequado, confiança na equipe que acompanha o pré-natal, e conhecimento sobre maternidade real, sem medos ou idealizações.
Como diagnosticar a depressão na gravidez?
Algumas mulheres não entendem o que está se passando com elas e tentam esconder a tristeza. Além disso, como alguns sintomas depressivos (alteração do apetite, sono e libido) podem ser confundidos com as mudanças provocadas no organismo durante a gravidez, nem sempre é fácil identificar o problema. Por isso a importância de um pré-natal adequado.
– O acompanhamento pré-natal é essencial para detecção precoce de uma depressão. Quanto antes a depressão for diagnosticada, menos danos ela deixará na auto estima da mulher, no desenvolvimento do bebê, no vínculo com a gestação e com o bebê, e melhor tende a ser o tratamento. O obstetra tem que estar atento ao emocional das gestantes, especialmente àquelas que têm fatores de risco, como depressão prévia, maternidade solo etc. O obstetra também é muito importante para o tratamento de qualquer transtorno, pois ele ajudará a decidir quanto aos riscos e benefícios de qualquer medicamento – afirma a Helena Aguiar.
Foto em destaque: Imagem de Sasin Tipchai por Pixabay