Coruja Gravidez

Doulas: por um parto humanizado

Acompanhar a gravidez de perto, passar segurança e tranquilidade para a futura mamãe, dar suporte físico e emocional na hora do parto. Essas são algumas das atribuições de uma doula, profissional a que muitas mulheres recorrem durante a gestação. A doula não substitui o médico obstetra nem o acompanhamento pré-natal, mas vem complementar afetivamente, e com informações importantes, os meses que antecedem o nascimento do bebê. O objetivo final da doula é assegurar um parto humanizado, tornando a experiência da maternidade ainda mais bonita.

Doula da Nutrindo Ideais, a nutricionista Cecília França destaca a paixão pelo ofício, que abraçou há três anos.

– Trabalhava com aleitamento materno há alguns anos quando percebi o quanto podia ajudar as mulheres a ter um parto com respeito e evidências científicas, ou seja, humanizado. A cada dia que passa sou mais apaixonada por esta profissão. Na verdade, a considero um propósito de vida – afirma Cecília, para quem o papel de doula faz toda a diferença – A doula é responsável pelo suporte físico e emocional da mulher; prepara essa mulher para passar por todo o parto empoderada e fortalecida. A minha atribuição é criar condições para que ela seja a protagonista do próprio parto.

Parto humanizado é o principal objetivo do trabalho de doulas

Mas o que a gestante precisa saber antes de contratar uma doula? Segundo Cecília, as mulheres têm ideia de que a doula pode auxiliá-las no parto, mas nem sempre conhecem bem como isso se dá.

– A doula está à disposição para auxiliar a mulher com informações relevantes para uma melhor experiência. O trabalho não é fácil, por isso é importante ter paixão pela profissão, estudar diariamente e se dedicar de corpo e alma.

Doula Ana Carla/Foto de Daniela Leite Fotografia

A paixão e dedicação da doula, muitas vezes, passa pela experiência própria com a maternidade. Ana Carla Noritomi , do Espaço Mater Luz, especializou-se como doula após ser mãe.

– A chegada dos meus filhos impulsionou uma série de mudanças na minha vida, e essa foi uma delas. Acompanhei o primeiro parto em dezembro de 2015, logo depois de ter concluído o curso de formação de doulas, tendo acompanhado em torno de 50 gestantes. Ao longo de 2016, enquanto ainda amamentava, tentava conciliar os atendimentos, um projeto de voluntariado numa maternidade do SUS, cursos e palestras – conta Ana Carla.

Para Ingrid Rodrigues, o acompanhamento feito por Ana Carla fez toda a diferença durante a gestação de Samuel, hoje com 5 meses.

– Os encontros pré-parto com a doula trazem muita consciência sobre o trabalho de parto, desmistificando muitas questões, o que gerou em mim uma confiança muito grande sobre o meu corpo e a minha capacidade de trazer meu filho ao mundo da maneira mais natural possível. Durante o parto, ter uma profissional que me acompanhou desde o início do trabalho de parto, e totalmente dedicada ao meu bem-estar físico e emocional, foi para mim o fator principal para ter um parto natural de sucesso – avalia Ingrid.

Doula é uma profissional reconhecida e valorizada por muitos médicos e outros profissionais de saúde.

– Nunca tive problemas, nunca fui impedida de atuar. Normalmente, as mulheres que me procuram já têm uma equipe que compreende a importância do nosso trabalho e que muitas vezes recomenda a busca por uma doula – diz Ana Carla.

Segundo Ingrid, a obstetra e a doula juntas no parto tornou tudo mais tranquilo, pois as assistências se complementavam.

– Minha obstetra estava ciente e já conhecia o trabalho da minha doula. Ana Carla, desde o início do meu trabalho de parto, estava o tempo todo atualizando a médica sobre a evolução até o momento da ida ao hospital. Elas se complementam, pois, em um parto acompanhado por uma doula, a médica se dedica muito mais à saúde da mãe e do bebê, sendo da doula todo o trabalho psicológico, das técnicas de respiração e de utilizar as formas naturais pro alívio da dor, tornando o ambiente muito mais leve e harmonioso – recorda.

Diferentemente do pré-natal, que deve ser feito mês a mês, os encontros com doula podem ser mais espaçados. Mas tudo depende da necessidade de cada gestante.

– A profissional não precisa acompanhar a mulher desde o início da gravidez, apesar de ser o melhor cenário, onde a doula conhece bem o histórico da mulher e da sua família. A mulher deve começar a procurar a doula quando perceber a necessidade de se preparar para a chegada do bebê. Isso pode acontecer desde antes da concepção ou em qualquer momento da gestação. Existe uma média de três encontros, mas isso pode ser avaliado de acordo com a necessidade. O que sugiro é que eles sejam suficientes para que se estreite uma relação de confiança entre doula e a parturiente. Eu, por exemplo, não acompanho apenas o parto, faço uma preparação em alguns encontros antes do nascimento do bebê – explica Cecília França.

Ana Carla lembra ainda que seu trabalho de doula não termina com o nascimento do bebê.

–  Costumo realizar entre dois a três encontros de educação perinatal antes do parto, em geral, até a 36ª semana de gestação, e um encontro após o parto. Eles têm, em média, duas horas de duração e podem acontecer no consultório ou na residência da família. O trabalho começa, algumas vezes, ainda nas primeiras semanas de gestação e segue até, aproximadamente um mês após o nascimento do bebê. Existem ainda casos onde continuo acompanhando a mulher no processo de aleitamento, pois também sou consultora em aleitamento materno – conta.

Foto em destaque: Ana Carla com Ingrid/Foto de Bel Ferreira 

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