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Volta às aulas presenciais

Psicóloga fala sobre como a volta às aulas presenciais pode afetar o emocional das crianças

As férias acabaram, mas a pandemia não. E, por isso mesmo, a volta às aulas este ano tem sido bem diferente. Muitas crianças continuam em casa, ou porque as escolas ainda não reabriram as portas ou por escolha das famílias. Outras voltaram às salas de aula, seguindo protocolos de segurança contra a Covid-19. Vários alunos já haviam se adaptado às aulas online. Mas será fácil se readaptar à rotina presencial dentro do contexto da pandemia? “Nós estamos passando por um momento de adaptação, e todos os indivíduos estão propensos a refletir essas transformações por meio das manifestações emocionais e com as crianças não seria diferente”, diz Maria Mabel, professora do curso de Psicologia da Estácio.

Segundo a psicóloga, família e professores precisam estar atentos a sinais de ansiedade em crianças e adolescentes que estão voltando a frequentar a escola. É bom lembrar que medo e dúvidas em relação à pandemia não são exclusividade de adultos.

– Estamos enfrentando uma pandemia, na qual muitas pessoas morreram devido à Covid-19. Inclusive, várias crianças podem estar vivenciando o processo de perda e luto dentro da sua própria família. Além disso, são muitas orientações que devemos seguir para que diminua a propagação do vírus, tanto os pais como os professores devem ficar atentos em relação a isso. A volta às aulas de modo presencial pode levar ao estresse e ansiedade nas crianças e adolescentes no sentido de que eles estarão inseridos novamente em um meio social, mas ainda não se sentirão totalmente protegidos do vírus e isso pode levar a algumas manifestações emocionais – ressalta a psicóloga.

E caberá às famílias observar como esse retorno às aulas presenciais pode afetar a criança.  Além das informações importantes sobre uso de máscara, álcool 70% e distanciamento, é importante retomar uma rotina de organização e descanso adequados

– Os pais são os principais responsáveis pela boa adaptação das crianças às aulas presenciais, então é importante que estes retomem às orientações sobre as informações gerais relacionadas à pandemia (adaptando sempre à linguagem da criança) e higienização adequada, promovam reflexões sobre a importância da vacinação e que todas essas recomendações são para um bem coletivo, assim, ensinarão as crianças a ter empatia pelo sofrimento do outro. Além disso, é importante que os pais reiniciem os hábitos de rotina, como: organizar o material no dia anterior, colocar as crianças na cama mais cedo e sempre nos mesmos horários. De modo geral, reestabelecer a rotina que havia sido modificada devido a suspensão das aulas presenciais. Lembrar sempre que as crianças devem se sentir fazendo parte do seu processo de desenvolvimento, por isso é importante que os pais sempre conversem com os filhos sobre como está sendo para ele essa volta às aulas presenciais e percebam suas emoções diante desse processo – orienta.

Professores também têm papel importante neste momento, pois o acolhimento da escola é fundamental, destaca Maria Mabel:

– É importante que os professores fiquem atentos aos comportamentos que estas crianças estão apresentando durante as aulas. Se perceberem que algo não está adequado, o primeiro passo é ir até a criança e chamá-la para uma conversa. A partir disso, a criança terá mais segurança para falar sobre seus sentimentos e emoções. Dependendo da idade, a criança não irá expressar suas emoções através da linguagem verbal, por isso é tão importante prestar atenção nas brincadeiras, assim como, nas histórias que são contadas pelas crianças e nos desenhos que elas fazem, pois essas são formas muito comuns das crianças expressarem suas emoções. Depois desse primeiro momento com a criança, é importante ter um momento com os pais para que eles também fiquem atentos em casa e observem o comportamento da criança com mais cautela. Algumas vezes, quando a criança sente um pouco mais atenção dos adultos, pais e professores, elas já conseguem se sentir mais seguras e diminuem os sintomas relacionados à ansiedade que estavam apresentando.

Ressalte-se ainda que, por mais que as crianças se mostrem animadas para retornarem às aulas presenciais, a expectativa delas não corresponderá à realidade que será encontrada no ambiente escolar. Os alunos, dos mais novinhos aos adolescentes, devem ser informados já pelas famílias de que as brincadeiras no recreio, por exemplo, não serão como antes, e que talvez não reencontrem os melhores amigos, por conta da divisão e revezamento de turmas.

– De fato, podemos ter diversas reações emocionais atreladas à volta às aulas, principalmente devido ao distanciamento social, mas é importante frisar que cada criança vai reagir do seu próprio jeito. A forma como a família vem lidando com a pandemia e a forma como as crianças vêm sendo inseridas nesse contexto vai fazer total diferença nas reações emocionais que elas irão apresentar. Por isso, é tão importante que a criança esteja preparada para o que ela vai encontrar na escola. Nada de pegar a criança de surpresa ou deixar para explicar tudo de última hora, pois a criança não se sentirá preparada o suficiente para estar naquele local e isso irá gerar estresse e ansiedade, dificultando sua adaptação – orienta Maria Mabel.

Leia também: Aulas online – Como manter a atenção das crianças e Covid-19: Desafios da Educação

Imagem de DarkmoonArt_de por Pixabay 

 

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