Saúde

Dia de sensibilização para a prematuridade

Neonatologista explica os principais fatores que levam ao nascimento prematuro

Você, certamente, conhece alguém com história de nascimento prematuro. Conhece porque, infelizmente, o parto antes do tempo ideal não é muito raro de acontecer. Há várias razões para isso, e muitas delas podem ser evitadas. O Dia Mundial de Sensibilização para a Prematuridade (17 de novembro) tem como meta conscientizar sobre os partos prematuros, que, no Brasil, correspondem a 11,7% dos partos.

Segundo o pediatra e neonatologista Jofre Cabral, diretor da UTI Neonatal da maternidade Perinatal, vários fatores podem causar o nascimento prematuro, por isso, o mais importante é fazer um acompanhamento correto de toda a gestação:

– Um pré-natal bem acompanhado é o principal aliado da mulher para evitar o parto prematuro, os exames irão identificar as possíveis patologias previamente. Em um pré-natal de excelência a mãe também receberá um acompanhamento alimentar, o que é muito importante. Evitar o fumo e o álcool é fundamental, pois também podem propiciar um parto prematuro. Exercício físico é importante para o condicionamento da mãe e ajuda na questão da via de parto. Bebês prematuros também podem nascer por parto normal. O exercício deve ser realizado com acompanhamento e conhecimento do médico. Mais uma vez digo: o pré-natal é fundamental.

Entre os fatores de risco mais comuns de prematuridade, de acordo com o neonatologista, estão hipertensão, diabetes gestacional, incompetências de colo uterino, miomas, alterações da anatomia uterina, infecção, e rotura de bolsa. Há também casos em que o nascimento precisa ser antecipado porque o feto não consegue se desenvolver bem. Outras situações acabam aumentando as chances de parto prematuro.

– Podemos observar casos novos como resultados das inseminações que ocasionam gestações múltiplas que podem antecipar o parto. A idade também pode ser um fator influenciador: mães muito jovens ou com idade muito avançada também requerem maior cuidado – avalia Jofre Cabral.

Uma das principais maternidades do Rio de Janeiro, a Perinatal é uma das referências em tratamento neonatal.

– Recebemos muitos casos de risco. Acredito que a excelência da Perinatal se dá principalmente pela equipe multidisciplinar de médicos e enfermeiras que estão unidos por mais de duas décadas. Somos um mesmo grupo há anos e já conhecemos muito da fisiologia do prematuro extremo. Então, nosso limite da viabilidade que até alguns anos atrás era de 28 semanas hoje é muito menor. Agora falamos em salvar bebês de 24 semanas de gestação. Esse conhecimento da fisiologia unido à infraestrutura que temos hoje, com respiradores, bombas de infusão, monitores de controle de oxigenação também. Temos acesso a uma melhor avaliação e tratamento de complicações comuns aos prematuros, como a retinopatia da prematuridade e a broncodisplasia – diz o neonatologista, lembrando que muitos avanços da área médica também contribuem para melhores resultados. – Muitas coisas mudaram ao longo dos anos e eu destaco o uso do surfactante que aumentou muito a sobrevida dos bebês. O surfactante é um líquido que falta no pulmão do bebê prematuro. Ele vai sendo produzido e, por volta da 36a semana, o pulmão já está totalmente preenchido por esse líquido que faz com que os alvéolos fiquem abertos. No pulmão imaturo – como é o caso de um bebê prematuro – quase não tem esse líquido. O pulmão fica fechada e não consegue oxigenar o bebê”.

No domingo, dia 16/11, Jofre Cabral e outros profissionais da Perinatal, participaram de uma caminhada em prol do Dia da Prematuridade, no Leblon. O evento reuniu famílias de bebês prematuros.

– Como médico, eu acho que reunir os pais é muito importante para vermos os resultados que temos. Vemos crianças que nasceram com 25 ou 26 semanas e hoje estão aqui na praia caminhando, vemos a família mais completa e mais feliz. Para a gente, que muitas vezes perde o seguimento de muitos bebês após a alta, o reencontro é reconfortante. Essa confraternização deixa a gente feliz, mais animado e motivado a continuar trabalhando com esse afinco. Enfrentando esse desafio que é a prematuridade extrema – afirmou o médico durante o evento.

Famílias como a de Leila Horácio, mãe de Ana Julia. A menina nasceu com apenas 25 semanas de gestação, pesando 365g.

– É uma história que marca e faz toda diferença nas nossas vidas. Depois de passar por isso, eu sinto o compromisso de contribuir sobre a conscientização – disse Leila.

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